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Guerra de palavras: como deveríamos chamar o Estado Islâmico?

Da BBC Brasil:

 

Existe um amplo debate sobre como chamar o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI). E para o filósofo Philippe-Joseph Salazar, professor de retórica da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e autor de Les Paroles Armées (As palavras como armas, em francês), esse não é um debate pouco importante.

“Se você tem um inimigo, precisa lhe dar um rótulo que cole”, disse Salazar, em entrevista ao programa Newshour, do serviço mundial da BBC, no qual criticou os diferentes nomes dados ao grupo.

Quando se refere a esses militantes – que hoje têm grupos afiliados no Oriente Médio, África e Ásia -, a ONU e autoridades americanas normalmente usam a sigla ISIL, que significa, em inglês, “Estado Islâmico do Iraque e Levante”.

No entanto, o próprio grupo não usa esse nome desde junho de 2014, quando declarou a criação de um califado e encurtou o termo para “Estado Islâmico” para refletir suas ambições expansionistas.

Mas por qual termos deveriam optar aqueles que se opõem ao Estado Islâmico?

A resposta divide opiniões. Salazar defende que seja usado o termo “califado”. “Por que negamos a eles um título que eles deram a si próprios? Califado está consagrado no vocabulário político. Sabemos o que é”, diz ele.

O termo “daesh” também vem se tornando mais corrente, tanto no Oriente Médio quanto fora dele.

Trata-se de uma sigla formada a partir das letras iniciais do nome anterior do grupo em árabe – “al-Dawla al Islamiya fil Iraq wa al-Sham” – e que tem sido usada como uma forma de desafiar a legitimidade do grupo, cujos integrantes rejeitam essa denominação.