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Helio Negão, sombra de Bolsonaro, é aconselhado a reivindicar ministério

O presidente Jair Bolsonaro e o deputado Helio Negão durante a abertura da Copa América – Marcos Corrêa-14.jun.19/PR

Reportagem de Ranier Bragon na Folha de S.Paulo informa que, no fim da tarde de terça (2), o deputado federal de primeiro mandato Helio Lopes (PSL-RJ), 50, demorou mais de um hora para percorrer pouco mais dez metros entre a saída do corredor das comissões da Câmara e a rampa que leva ao plenário da Casa. Uma infinidade de lobistas, políticos, visitantes, assessores e curiosos disputava a atenção do parlamentar, mais conhecido como Helio Negão, que saiu do ostracismo de 480 votos nas eleições para vereador de Nova Iguaçu (RJ), em 2016, para, dois anos depois, receber 345 mil no pleito de outubro do ano passado, a maior votação de um candidato a deputado federal no estado do Rio de Janeiro. Em meio ao rebuliço na Câmara, ainda parava para receber cumprimentos de outros deputados pela foto em que aparece às gargalhadas ao lado de ninguém menos que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

De acordo com a publicação, tratando-se de assédio na Câmara dos Deputados, Helio Negão repete, hoje, o que Jair Bolsonaro (PSL) foi nos últimos anos antes de vencer a disputa presidencial. Desde a campanha, passando pela transição, tem sido raro nesses seis meses não ver o deputado postado com seus quase dois metros de altura ao lado ou atrás do presidente, em entrevistas coletivas e fotos, no Brasil e no exterior. O comportamento à moda papagaio de pirata tem duas razões: uma na versão dos críticos de Jair Bolsonaro, outra na versão do próprio Helio Negão. Para adversários, Bolsonaro usa a amizade com o subtenente do Exército (hoje na reserva) desde a campanha para afastar a pecha de racista.”Eu não apareço do lado do presidente, eu já aparecia antes. Eu já andava com ele antes. (…) Ele é meu amigo há mais de 20 anos, cara, amigo, irmão mesmo. Todo dia a gente conversa, ele vai na minha eu vou na casa dele. Então, as pessoas estão vendo agora o que já acontecia antes e não mudou. Aí, o pessoal fala: ahhh… não, é meu amigo. Amigo, não, irmão!”, afirmou o deputado federal à Folha.

Ele falou com a reportagem após ter atendido parte da romaria que o aguardava —havia uma mulher que também acompanhava o deputado e que, segundo ambos, estava para ser atendida por ele desde as 8h (e já era fim de tarde). Helio Negão diz ainda que não vai aos eventos e viagens (somente) pela amizade, mas para cumprir o seu papel de integrante da Comissão de Relações Exteriores e Defesa da Câmara Federal. De sorriso largo e fala cortês, ele frisou por duas vezes que jamais deu entrevista para a Folha. “Pode falar pra Folha lá, e não mandem me procurar não”, disse. De fato, ele é arredio à imprensa, com algumas exceções, diz o jornal.

O colega deputado Márcio Marinho (PRB-BA), que disse ter visto as fotos com o presidente americano Donald Trump —​Helio integrou a comitiva de Bolsonaro ao G20, no Japão—, diz, sério: “Rapaz, pensa naquilo que eu te falei”. Marinho, que também é negro, afirmou que tenta convencer o colega a liderar um movimento para que Bolsonaro coloque um negro em seu primeiro escalão —Helio, de preferência. “Quando você olha pra estrutura do governo federal, um país como o nosso, em que o contingente de negros é enorme, não ter uma representação negra no governo federal? E eu falo pra Helio que ele tem toda a condição de estar encabeçando um movimento que possibilite na Esplanada dos Ministérios ter uma representação negra”, disse Marinho à Folha, dirigindo-se em seguida ao colega, completa a publicação.