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Homem chama PM de “macaco” e diz que “preto não serve pra ter família”

Sargento Wagner Carvalho perto de carro da Lei Seca
Sargento Wagner Carvalho – Reprodução/G1

O sargento Wagner Carvalho prestou queixa na 16ª DP (Barra da Tijuca) denunciando ter sido vítima de ofensas racistas por parte de um homem identificado como Leonardo Fernandes Pontes, enquanto trabalhava numa blitz da Lei Seca no dia 4 de julho, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. Segundo relato, o acusado, que se apresentou como gerente de uma empresa multinacional, chamou o PM de “macaco” e também disse que ele “não tinha nem direito a ter família” por ser negro.

Ao G1, Carvalho contou como foi a ocorrência. Depois de parar Leonardo numa blitz na altura do número 13.701 da Avenida das Américas, o policial disse que perguntou se ele tinha ingerido bebida alcoólica e o motorista respondeu que não. Porém, o sargento explica que, ao ser levado para fazer o exame do bafômetro, o homem teria mudado a versão, admitindo ao PM que havia bebido. Em seguida, ele pediu “ajuda” a Wagner.

Imaginando que aquilo poderia se converter em uma tentativa de suborno, o PM advertiu o motorista de que toda a ação estava sendo gravada – o sargento estava com uma câmera corporal, equipamento que começou a ser usado em maio por PMs do Rio de Janeiro. Foi então que as ofensas começaram.

“Eu dei mais ou menos uns três passos e ele falou: ‘É isso mesmo o que a sua raça faz, só faz merda’. Eu pedi que ele repetisse o que ele havia dito, e ele permaneceu calado”, lembrou Wagner Carvalho.

As ofensas continuaram próximo à tenda montada pela Lei Seca. “Atrás da barraca, ele me chamou de macaco filho da… Algemei ele. E ele começou a xingar toda a equipe com palavras de baixo calão. Agrediu com chutes um agente civil da operação…. [Na verdade] Dois agentes civis na operação”, continuou o Sargento.

Mesmo tendo sido preso em flagrante e autuado por injúria na 16ª DP, segundo o policial, o motorista continuou os ataques no caminho para a delegacia, que fica na Barra da Tijuca. “No trajeto para a delegacia, continuaram as ofensas. [Ele] Falando que eu poderia falar com o delegado que ele me chamou de macaco, que o fato de eu ser preto não tinha nem direito a ter família, que eu tinha que andar em árvore.”

No registro de ocorrência da 16ª DP, ao qual o g1 teve acesso, consta que a frase de Leonardo foi a seguinte: “Preto não serve para ter família, você anda em árvores e come banana!”.

A Polícia Civil informou ao G1 que Leonardo foi preso em flagrante e encaminhado à audiência de custódia. Na audiência, no dia 6 de julho, a juíza decidiu pela soltura de Leonardo, com substituição da prisão preventiva pela seguintes medidas cautelares: Comparecimento mensal em juízo para informar e justificar as atividades até que saia sentença do caso e proibição de sair do Rio de Janeiro por mais de cinco dias seguidos “sem prévia e expressa autorização judicial”, até que saia a sentença. Caso descumpra alguma das medidas, Leonardo voltará para a prisão.

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