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Homens que denunciaram tortura em quartel estão presos há 500 dias sem julgamento

Presos durante a ação do Exército antes de chegarem à Vila Militar Foto: Reprodução

De Rafael Soares no Jornal Extra.

Sete homens que denunciaram uma sessão de tortura dentro de um quartel do Exército no Rio estão presos há mais de 500 dias, sem julgamento, por decisão da Justiça Militar. Em dezembro, todos os sete foram absolvidos da acusação de tráfico de drogas pelo Tribunal de Justiça do Rio. Na sentença, a juíza Simone de Faria Ferraz, da 23ª Vara Criminal da capital, questionou a versão dos militares que prenderam os homens e sustentou que laudos periciais corroboram os relatos dos presos. Mesmo após a decisão, eles seguem encarcerados no Complexo de Gericinó, já que, na Justiça Militar, o processo a que respondem segue na estaca zero: nenhuma audiência foi marcada um ano e meio após as prisões.

Os mesmos fatos que geraram o processo no TJ do Rio também serviram de base para a denúncia feita contra os réus na Justiça Militar. Homens do Exército, em plena intervenção federal, prenderam os sete jovens no Complexo da Penha durante uma operação na madrugada do dia 20 de agosto de 2018. Os jovens foram detidos após saírem de uma região de mata com as mãos para o alto, após um tiroteio. Depois de os jovens serem algemados, os militares encontraram três pistolas e uma mochila com drogas na mata.

A prisão em flagrante pelo porte das armas e pelo crime de tráfico de drogas gerou o processo no TJ do Rio, que culminou na absolvição dos réus. Já o Ministério Público Militar (MPM), de posse dos depoimentos dos militares, denunciou o grupo por tentativas de homicídio contra todos os dez militares que participaram das prisões. Nenhum dos homens do Exército, entretanto, afirmou ter visto os homens atirando contra eles ou mesmo portando as armas.

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