Idoso segue dica do ChatGPT sobre não comer sal e desenvolve doença rara

Um homem de 60 anos foi internado nos Estados Unidos com bromismo, condição rara atualmente, após substituir o sal de cozinha (cloreto de sódio) por brometo de sódio seguindo orientação do ChatGPT. O caso foi descrito no periódico Annals of Internal Medicine. A substituição, indicada pela inteligência artificial, é incorreta para consumo humano, já que o brometo é utilizado apenas para limpeza. Com três meses de ingestão, o paciente apresentou desequilíbrio de eletrólitos, fundamental para funções musculares, regulação de líquidos corporais e manutenção do pH.
Sem histórico médico relevante, o idoso relatou dieta vegetariana restritiva, consumo apenas de água destilada e sintomas como fadiga, insônia, dificuldades de coordenação motora, acne e pintas avermelhadas na pele. Durante a internação, desenvolveu paranoia e alucinações, precisando ser medicado com risperidona para controlar o quadro psicótico. Exames apontaram 1.700 mg/L de bromo no sangue — níveis muito acima do intervalo normal, que varia entre 0,9 e 7,3 mg/L.
O bromismo foi comum entre o fim do século 19 e início do 20, quando sais de bromo eram usados em medicamentos para convulsões. No caso atual, a intoxicação foi revertida com reposição de eletrólitos e nutrientes, e o paciente recebeu alta após três semanas. Na consulta de retorno, duas semanas depois, não apresentou novos episódios de alucinação e pôde suspender o uso de antipsicóticos.
Especialistas da Universidade de Washington alertaram que o uso médico de ferramentas de inteligência artificial, sem supervisão profissional, pode gerar ou agravar problemas de saúde. Sistemas como o ChatGPT podem fornecer informações imprecisas e descontextualizadas, que não consideram o histórico do paciente. O caso serve como exemplo dos riscos de seguir orientações automáticas para substituir alimentos ou medicamentos sem comprovação científica e sem validação de um profissional de saúde.