Idosos ricos deveriam pagar mais impostos na pandemia, diz economista

De Érica Fraga na Folha de S.Paulo.
O economista Ricardo Paes de Barros, respeitado por seus estudos pioneiros sobre pobreza e desigualdade de renda, espera que a pandemia do coronavírus acorde a sociedade brasileira para um problema que o preocupa há tempos: a enorme discrepância entre os valores que o setor público transfere para idosos e crianças no país.
Segundo dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), no Brasil, o gasto do governo com a população mais velha é seis vezes maior do que o montante despendido com crianças, adolescentes e jovens.
Isso faz do país um ponto fora da curva entre os outros 30 países para os quais a organização compilou dados em um estudo de 2014. Em nenhum deles, a diferença favorável aos idosos ultrapassava quatro vezes.
“Você pode dizer: ah, mas criança é baratinho, idoso é caro. Então, isso deveria ser verdade no Japão, no Uruguai, em toda parte”, diz PB, como é conhecido o economista, considerado um dos pais do Bolsa Família.
Ele ressalta que, compreensivelmente, a pandemia exigiu que as sociedades incorressem em gastos elevados para preservar a vida dos mais vulneráveis ao contágio pelo coronavírus, entre eles os idosos.
Mas defende que, como isso vai ampliar o desequilíbrio intergeracional que já era alto no Brasil, o correto seria que os idosos de alta renda pagassem parte da conta, por exemplo, pagando mais impostos. Se nada for feito, ele alerta, todo o ônus da crise será “irresponsavelmente” deixado para a próxima geração.
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