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“Imagem do Brasil no exterior não podia ser pior”, diz historiador Kenneth Maxwell

Historiador britânico, Kenneth Maxwell. Foto/Reprodução

Na última segunda-feira (29) o historiador britânico de 81 anos, Kenneth Maxwell, apresentou uma conferência em um congresso da USP (Universidade de São Paulo), dedicado às reflexões sobre o bicentenário da Independência do Brasil. Alguns dias depois, Maxwell, que é especialista em Histórica Ibérica e nos estudos das relações entre Brasil e Portugal no século XVIII, deu uma entrevista exclusiva ao jornal Folha de S.Paulo.

Questionado sobre se têm conseguido acompanhar os últimos livros lançados por conta dos 200 anos da Independência, o historiador responde que não tem lido tudo o que há de novo, e revela que depois da palestra que esteve presente na USP, um português disse que ao ler mais sobre a história do brasil alguns minutos antes, tinha chegado à impressão de que não houve exatamente uma independência, e sim, um “presente” dos portugueses aos brasileiros.

O escritor de “A Devassa da Devassa”, um estudo da Inconfidência Mineira, relata que descobriu que o fim da Devassa da Conjuração Mineira aconteceu antes da denúncia do Joaquim Silvério dos Reis, conhecido como delator do movimento mineiro.

“Isso muda totalmente a história tradicional da Inconfidência, quero dizer da Conjuração Mineira. Eu escrevi sobre essa cronologia no meu livro, mas as pessoas ainda acham que foi daquela forma”, afirma.

No decorrer da entrevista, o britânico foi questionado sobre a imagem do Brasil no exterior, e afirma que não poderia ser pior, e diz que o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) é populista como Donald Trump (ex-presidente dos Estados Unidos) e Boris Johson (Primeiro-Ministro do Reino Unido).

“Um reflexo do que acontece na Amazônia. Os desmatamentos… Os ambientalistas têm bastante influência na mídia. Na década de 1990, escrevi artigos sobre as queimadas no Brasil e, já naquela altura, foi um grande escândalo”, diz ele. “Além disso, Bolsonaro é populista como Donald Trump e Boris Johnson. Esse é um grande perigo para o mundo. Estou muito preocupado com o futuro porque Trump pode voltar à Presidência dos EUA. Na Inglaterra, não temos um governo, temos um zumbi [o primeiro-ministro renunciou há quase dois meses]. Johnson está falando apenas para os seguidores do Partido Conservador, que, em geral, são pessoas mais velhas, mais brancas, que moram na zona rural”, continua o historiador.

Sobre os efeitos da guerra na Ucrânia, Maxwell afirma que com a chegada do inverno, o impacto da economia será maior, justamente pelo sistema de aquecimento que é necessário durante a estação: “E vai piorar porque o inverno está chegando em quatro meses. Agora, no verão, não precisamos usar o sistema de aquecimento, mas daqui a pouco ele será necessário. Como as famílias mais pobres farão? Vão escolher comprar comida ou pagar o sistema de aquecimento?”, indagou ele.

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