Comissão pede abertura de investigação pela morte de 200 pessoas em estudo com proxalutamida

A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa pediu à PGR que investigue as 200 mortes registradas em estudo conduzido com a proxalutamida no Amazonas no início deste ano. Também conhecido como “a nova cloroquina”, o bloqueador hormonal é defendido por Bolsonaro para uso contra covid. O parecer foi submetido ao plenário da comissão e aprovado por unanimidade.
“No referido estudo houve alto índice de Eventos Adversos Graves (EAG), grau 5, com desfecho de morte (óbitos), ocorridos durante a condução do estudo, evidenciados em extensa lista de eventos apresentada à Conep”, diz a denúncia.
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Irregularidades
Na denúncia o órgão responsável por fiscalizar a pesquisa científica no Brasil apontou uma série de irregularidades no ensaio clínico realizado em diversas cidades amazonenses, entre elas, o fato de o ensaio autorizado para Brasília ter sido levado ao Amazonas sem autorização da comissão, e as mortes não foram reportadas no prazo regimental de 24 horas.
A Conep ressalta que “não houve autorização extensível a outros centros de pesquisa existentes” e que “o aumento do número de participantes da pesquisa e o incremento do número de centros de recrutamento de participantes à pesquisa representam modificações do protocolo originalmente aprovado”.
“Reportou-se, nos documentos apresentados, a insuficiência renal e hepática como causa dos falecimentos ocorridos. Taxas elevadas de falência renal e hepática são observadas em pacientes em terapia intensiva gravemente enfermos e, de acordo com o relatório prévio encaminhado à Conep, o estudo não incluiu pacientes nestas condições, restando incompreensível o motivo da inexistência de questionamentos da equipe de pesquisa ao elevado índice de ocorrências, assim como, do padrão de repetição dos eventos adversos“, informa o documento.