“Ira de Deus”: bolsonarista vira ré por associar enchentes no RS a terreiros
A influenciadora Michele Mendonça Dias Abreu virou ré por intolerância religiosa após associar a tragédia no Rio Grande do Sul a práticas religiosas de origem africana. A denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) foi aceita pelo Judiciário na última terça-feira (11), e a bolsonarista será processada por praticar, induzir ou incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
A influenciadora publicou um vídeo em suas redes sociais no dia 5 de maio, afirmando que o temporal que atingiu várias cidades gaúchas foi motivado pela “ira de Deus” devido ao elevado número de terreiros de macumba no estado. “Deus não divide sua honra com ninguém”, declarou Michele.
A Justiça considerou as provas suficientes para a instauração da ação penal, mas negou os pedidos do MPMG para proibir Michele de fazer novas postagens relacionadas a religiões de matriz africana, argumentando que a legislação já prevê a proibição de postar conteúdo criminoso. Além disso, a solicitação dos promotores para impedir que a influenciadora deixasse o país sem autorização judicial foi considerada desproporcional ao caso pelo juiz.
Uma lei sancionada no ano passado equipara o crime de intolerância religiosa ao crime de racismo, prevendo pena de 2 a 5 anos para quem impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas.
Segundo a Michele Abreu, que se apresenta no Instagram como “cristã, mãe, esposa e empreendedora”, a catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul não é consequência da emergência climática, da falta de planejamento ou de política pública.
A culpa, pra ela, é da “macumba”. pic.twitter.com/FVEuvmXfbx
— William De Lucca (@delucca) May 6, 2024