Itamaraty distribui apostilas com críticas a Lula, MST e cabelos não-alisados
Frases com críticas ao ex-presidente Lula, ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, aos governos da Argentina e a cabelos não-alisados foram inclusas pelo Ministério das Relações Exteriores, comandado pelo olavista Ernesto Araújo, em apostila distribuída aos Centros Culturais Brasil no exterior.
A denúncia foi realizada pela jornalista Júlia Dolce, da Agência Pública, que recebeu o material de uma professora que atua nas embaixadas, mas está disponível no site da Rede Brasil Cultural, departamento educativo do Itamaraty.
Entre as frases que podem ser lidas estão:
“Se o MST se apropriar das nossas terras, nunca mais conseguiremos reavê-las”; “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o Mensalão, eu não teria votado nele”; “A Argentina empobreceu durante a última década”; “Se ela alisasse o cabelo, ela ficaria mais bonita” e “Se as mulheres não abortassem não haveriam tantas clínicas de aborto clandestinas”.
https://twitter.com/JuliaDolce_/status/1283080965259177984
No Twitter, a jornalista Júlia Dolce disse:
“Se o MST se apropriar das nossas terras, nunca mais conseguiremos reavê-las”. Isso faz parte do material didático mandado pelo @ItamaratyGovBr aos Centros Culturais Brasil de embaixadas do país em 26 países diferentes. Junto com críticas ao PT, ao Lula e à cabelos ñ alisados
O material foi cedido pra mim por uma professora de um desse centros, mas está público no site da Rede Brasil Cultural, departamento educativo do Itamaraty. Os Centros Culturais Brasil/país sede são um dos 3 pilares das embaixadas brasileiras, junto c/ setor comercial e consular
Pessoas com interesse em aprender PTBr têm aulas com esse material no mundo todo. Os professores relatam que é a primeira vez que o conteúdo vem com clara linha ideológica, o que respeita até o viés da interculturalidade, pilar dos centros
Esse material é produzido por equipes contratadas pelo próprio Itamaraty no Departamento de Promoção de Língua Portuguesa e aprovado pelo órgão. Os professores relatam que até então o indicativo do governo Bolsonaro era evitar falar sobre temas políticos e se surpreenderam hj
Eu não tô surpresa, inclusive acho que demorou pra acontecer algo assim. É assim que pessoas de: Argentina, Bolívia, Chile, Itália, Peru, Barcelona, Guiana, Paraguai, Méico, Suriname, El Salvador, Cabo Verde ,Nicarágua, Guiné Bissau, Moçambique, Uruguai, Finlândia, Angola, Haiti
Panamá, São Tomé e Príncipe, República Dominicana, África do Sul, Paquistão, Líbano, Guatemala, Guiné Equatorial e Israel vão aprender sobre Brasil,@ItamaratyGovBr?”