Itaú diz que investimento deve cair 2% no 4º trimestre

Do Valor:
A forte queda da produção de bens de capital em dezembro sinaliza que no quarto trimestre os investimentos recuaram 2% em relação aos três meses anteriores, devendo passar a oscilar em linha com seus fundamentos, o que significa uma recuperação lenta e gradual, diz Luka Barbosa, economista do Itaú Unibanco.
Divulgada ontem pelo IBGE, a produção de bens de capital em dezembro recuou 8,8% na comparação com novembro, feito o ajuste sazonal. Tão ruim quanto a queda foi sua composição, com taxas negativas espalhadas por componentes como caminhões, bens de capital agrícolas e industriais. A produção de insumos para construção, outro componente do investimento, recuou 2,3%.
Dados da pesquisa mostram que a produção de bens capital não cresce desde abril, período em que acumulou baixa 12,9%. Do ponto de vista do cálculo da formação bruta de capital fixo (FBCF), medida dos investimentos no PIB, a menor produção doméstica vinha sendo compensada nos últimos meses pelo avanço das importações dos equipamentos.
“Em dezembro, porém, a parte importada de bens de capital [sem plataformas de petróleo] também recuou, mostrando queda de 5,1% em relação a novembro. É verdade que o dado de importação é bastante volátil, mas, conjugado com a menor produção do mês, chamou bastante atenção”, diz Barbosa.
Ao modelar os investimentos na economia, o Itaú leva em consideração três grupos principais: o crédito privado, o crédito público/investimento público e os preços de commodities/crescimento global. Segundo Barbosa, apenas o primeiro desses três grandes componentes está atualmente atuando a favor. “Existe contração do gasto público, devido ao ajuste fiscal, e o cenário internacional não está favorável, com contração do comércio global, a guerra tarifária e, mais recentemente, a questão do coronavírus, que pode ter impacto relevante no começo de 2020”, afirma Barbosa.
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