Jair Bolsonaro volta a citar “kit gay” em entrevista do Jornal Nacional da Globo
De Fábio Góis do Congresso em Foco.
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) concedeu à TV Record sua primeira entrevista exclusiva depois da votação de segundo turno, realizada neste domingo (28), em que conseguiu mais de dez milhões de votos a mais que Fernando Haddad (PT). Depois, o deputado falou ao SBT, à RedeTV! e à TV Globo (veja os vídeos abaixo). Entre diversos assuntos abordados, ele voltou a fazer críticas à imprensa e, em especial, dirigiu sua reclamação mais contundente ao jornal Folha de S.Paulo (leia mais abaixo), que recentemente publicou reportagem sobre uma indústria de mensagens via WhatsApp disparadas em massa contra o PT e bancada por empresários apoiadores de Bolsonaro.
Eleito com 57,8 milhões de votos (39% do eleitorado), ele voltou a insistir na versão de que, quando era ministro da Educação do ex-presidente Lula (2003-2010), Fernando Haddad (PT) viabilizou a distribuição do chamado “kit gay” em escolas brasileiras, de forma a introduzir crianças e adolescentes em temas referentes à homossexualidade. A questão foi usada recorrentemente contra o presidenciável petista durante a campanha, mesmo depois de decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a respeito da disseminação de notícias falsas na disputa, entre elas o próprio kit gay.
Em outro momento da entrevista, a apresentadora do Jornal Nacional Renata Vasconcelos (TV Globo) lembrou recente discurso em que Bolsonaro, dirigindo-se a eleitores aglomerados na Avenida Paulista, em São Paulo, prometeu “varrer os vermelhos” do mapa. Era uma referência a petistas, comunistas e demais defensores da esquerda brasileira. Mas o deputado reconheceu a inadequação da fala e a atribuiu ao calor da disputa, acrescentando que se referia apenas “à cúpula do PT e à do Psol”.
Em mais de uma emissora, Bolsonaro confirmou o que já se especulava e disse que vai convidar o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba (PR), para ser ministro da Justiça. Cogitado também para o Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima vacância por aposentadoria compulsória, Moro evita falar sobre a possibilidade, que também foi aventada nas discussões de primeiro turno pelo candidato à presidência derrotado Alvaro Dias, senador paranaense do Podemos.
Simpático à política norte-americana de armamento populacional, o capitão da reserva confirmou as expectativas e já disse que trabalhará para derrubar o Estatuto do Desarmamento. Defensor da posse de armas em residências pelo cidadão comum, e não o porte em si, ele prometeu articular o fim da legislação antes mesmo de assumir o comando do Executivo federal.
Bolsonaro também foi provocado a falar também de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma das principais bases sociais dos governos petistas. Nesse ponto da entrevista, o deputado foi enfático: “Não tem o que conversar com o MST.”
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