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Jamil Chade: Questionado sobre ditadura, Bolsonaro se cala diante de órgãos da ONU

Do UOL:

O presidente Jair Bolsonaro ignora um pedido de órgãos da ONU para que explique seus comentários relativos do desaparecimento de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.

A carta da ONU foi enviada ao governo no dia 13 de agosto de 2019, estipulando um prazo de 60 dias para que o Brasil apresentasse uma resposta. Seis meses depois, Bolsonaro continua sem dar explicações.

Procurado pela reportagem, o Itamaraty também se calou e não respondeu aos pedidos de esclarecimentos sobre o motivo pelo qual ignorou os pedidos dos órgãos da ONU. Na entidade internacional, fontes confirmaram nesta sexta-feira que, por enquanto nenhuma comunicação por parte do sido governo havia enviada e que isso faria parte de um informe anual que a ONU apresentará sobre o comportamento dos países.

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Um dos pontos que chama a atenção internacional é o comportamento de Bolsonaro sobre a ditadura no Brasil e a tortura, fatos admitidos até mesmo pelo governo americano e comprovado em telegramas oficiais da época.

Em julho, Bolsonaro disse que poderia “contar a verdade” sobre como o pai de Santa Cruz desapareceu na ditadura militar. O atual presidente da OAB é filho de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, integrante do grupo Ação Popular (AP), organização contrária ao regime militar.

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Em agosto, o presidente do Grupo de Trabalho da ONU sobre Desaparecimentos Forçados, Bernard Duhaime, e o relator da ONU para o Direito à Verdade, Fabian Savioli, fizeram um alerta ao Brasil: “qualquer pessoa que obstrua as investigações ou retenha tais informações pode ser responsabilizada pela continuação do cometimento de um desaparecimento forçado”.

“Enquanto aguardamos uma resposta, pedimos ao presidente Bolsonaro que forneça sem demora qualquer informação que possa ter sobre o destino do Sr. Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira às autoridades competentes para facilitar as investigações sobre seu contínuo desaparecimento”, disseram os relatores.

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Procurada, a chancelaria não esclareceu o motivo pelo qual, seis meses depois, a carta continua sem uma resposta e Bolsonaro se mantém em silêncio.

Em outubro, Itamaraty indicou uma resposta estava sendo elaborada. “O Ministério das Relações Exteriores está, no presente momento, em processo de receber e consolidar contribuições dos ministérios envolvidos para o envio da resposta aos relatores da ONU”, indicou a chancelaria.

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