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Janio de Freitas: Dilma troca Mantega por Levy e deixa de ser atacada

De Jânio de Freitas, na Folha:

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Uma equipe econômica aliada e alinhada prioritariamente com os interesses do capital desfruta de habeas corpus. Mailson da Nóbrega levou a inflação a 84%. Ao mês. Sem ser criticado, só saiu porque o governo Sarney acabou.

Todos os números do governo Fernando Henrique são piores do que os atuais, mas Pedro Malan, como Mailson, como Marcílio Marques Moreira e tantos outros, saiu do governo para o abrigo gratificante de grandes empresários.

Guido Mantega não foi alvo solitário. O grosso da pancadaria dirigiu-se a Dilma Rousseff. E nisso se dá o primeiro efeito da troca de Mantega por Levy: a menos que queira palpitar, Dilma deixa de ser atacada em razão da política econômica, porque fazê-lo atingiria também Levy e seus parceiros.

Para Dilma, é um lucro muito grande. Ela não soube defender o seu governo, nem a si mesma e, muito menos, o atacado gasto governamental, decorrente -como disse no Congresso o secretário do Tesouro, Arno Augustin- “da estratégia de elevar os investimentos e gastos sociais, o que trará ganhos de longo prazo para o Brasil”.

Por mim, quando leio um título negativo como “Sete milhões passam fome no país”, prefiro saber que, por baixo dele, diz-se que em dez anos caiu de 6,9% para 3,2% o número de famílias com “insegurança alimentar grave”.

Ou seja, as moradias onde possa haver fome são, hoje, menos da metade do que eram em 2003. Posta a redução em números humanos: de 15,5 milhões de pessoas para 7,2 milhões. Ou 8,3 milhões de crianças, adultos e velhos resgatados da fome ou do risco de sofrê-la.