Da coluna do jornalista Jânio de Freitas na Folha de S.Paulo.
A substituição de Fernando Segovia na direção da Polícia Federal seguiu uma lógica surpreendente, pela sutileza, no governo mais rombudo de que tenho conhecimento. Se a sugestão veio de fora, é espantoso que os cascas grossas do Planalto a tenham compreendido e executado bem.
Michel Temer sabe o risco que o espera ao fim do mandato daqui a oito meses, com os inquéritos em que figura. Sobretudo os dois (até agora) que têm como coadjuvante o seu assessor “de total confiança” Rocha Loures. Daí, e não da já apontada falta de realismo, a tentativa de Temer de construir a própria candidatura para disputar a Presidência.
O sorridente Segovia fez parte, também, dos roteiros alternativos da pretendida salvação. Já na sua primeira fala pública como diretor da PF, o delegado deu sinal da sua missão: a seu ver, a mala com R$ 500 mil recebida pelo assessor presidencial “de confiança” não era indício relevante de coisa alguma. Segovia seguiu em sua missão, com visitas menos ou mais furtivas a Temer, manipulação de cargos e de ocupantes. Até que quis precipitar o arquivamento do inquérito sobre um decreto de Temer, do ano passado, em benefício de operadoras do porto de Santos. Em especial a Rodrimar, captada em contatos com o intermediário “de total confiança” Rocha Loures, como Temer o definiu na conversa gravada com Joesley Batista.
Indagações explicativas: depois do que disse e da reação recebida, Segovia ainda teria condições de forçar o arquivamento? Ou dar outra contribuição neutralizante da posição de Temer naquele e em qualquer inquérito? O infiltrado tornou-se obstáculo. Conservá-lo seria oneroso e impeditivo. Mas não poderia ser uma demissão a cru, expondo um fracasso a mais.
Ainda que bem executada, a manobra dá à PF a volta do grupo de Leandro Daiello, o diretor substituído por Segovia. Vitória, também, do ministro da Justiça, Torquato Jardim, que a turma do Planalto insultara ao deixá-lo de fora na designação do seu subordinado Segovia.
A substituição dos diretores da PF como primeiro ato de Raul Jungmann foi uma providência de tática política. Visto em geral, no entanto, pelo noticiário e pelos comentaristas, como ato de ética, como gesto do agrado imediato da opinião pública. Ética, porém, foi nele a ausência mais marcante. Além dos gestos de simpatia permutados por Jungmann, na sua posse, com Segovia, os dois tiveram horas de reunião de trabalho, das quais Segovia saiu tão diretor da PF quanto esteve nos últimos dois a três meses. Para ter, sem demora, o susto com a notícia de sua queda.
(…)
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