Janot sabia de “fundação” de Aécio em Liechtenstein desde março de 2015; revista Época engavetou matéria por mais de 3 anos
No Viomundo, informações exclusivas sobre a operação abafa da operação de Aécio em Liechtenstein. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sabia da conta secreta de Aécio Neves (PSDB-MG) na Suíça desde março de 2015. Mesmo assim, uma investigação da Lava Jato contra o tucano foi arquivada “por falta de provas”.
Rodrigo Janot pediu o arquivamento em fevereiro último, mesmo ciente da possível conta secreta de Aécio em Liechtenstein.
O jornalista Marco Aurélio Carone diz que notificou o PGR em 23 de março de 2015. “O procurador-geral da República, doutor Rodrigo Janot, sabe disso há mais de um ano”, frisa o jornalista. “Em notificação que lhe enviei em 23 de março de 2015, dou os detalhes”.
“Essa inércia é uma constante em relação a Aécio Neves”, diz Carone. “Sobre ele, o Ministério Público nada investiga ou denuncia. E os poucos procuradores e promotores que cumprem suas atribuições, frustram-se diante da paralisação destes procedimentos junto à PGR.”
Desde o final de 2012, a revista Época também tinha conhecimento da conta na Suíça, mas nada publicou até 16 de março de 2016, após a delação de Delcídio.
Foram três anos e quatro meses de gaveta na revista semanal da Globo.
“Lembro como se fosse hoje. Dez dias antes de eu ser preso, Andréa Neves foi-me visitar, de surpresa, no NovoJornal. Ela chegou a sugerir que deveríamos adotar o procedimento da revista Época, que, após ter acesso ao inquérito e ao processo, não publicou nada sobre a sua família”, diz Carone.
“A sugestão da Andréa ocorreu após eu lhe mostrar que minha matéria tinha fundamentação documental”, relembra. “Mostrei que tinha a mesma documentação que a Justiça havia disponibilizado para a revista Época, no final de 2012.”
“Neste momento, a Andréa falou que, assim como ocorrera com a revista Época, eu não deveria noticiar nada sobre sua família e a conta no paraíso fiscal de Liechtenstein”, expõe Carone. “Foi uma conversa muito áspera.”