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JornalGGN: Quem é o misterioso Edgar, suspeito de receber propinas em nome de Temer

 

Do JornalGGN, por Cíntia Alves:

Uma das 82 perguntas que a Polícia Federal enviou a Michel Temer, a reboque das acusações da JBS à Lava Jato, questiona se o presidente conhece “Edgar”.

“Vossa Excelência tem alguém chamado ‘EDGAR’ no universo de pessoas com quem se relaciona com certa proximidade? Se sim, identificar tal pessoa, mencionando a atividade profissional, eventual envolvimento na atividade partidária, descrevendo, ainda, a relação que com ela mantém.”

O misterioso Edgar aparece em conversas gravadas por Ricardo Saud, da JBS, com Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, preso no último sábado (3), após ser flagrado pela PF carregando uma mala com R$ 500 mil em propina.

Um relatório da Lava Jato mostra que Saud, em encontro com Loures, citou um atual esquema de corrupção em benefício dos interesses do grupo J&F junto ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que renderia a coleta de R$ 500 mil em propina, em média, por semana.

Saud demonstrou urgência em decidir quem seria o responsável por retirar o dinheiro. Loures, então, afirma que vai conversar com Edgar, que seria o novo responsável por intermediar o recebimento da propina, pois “outros caminhos estavam congestionados”.

“Pelo conteúdo da conversa”, diz a Lava Jato, “a aceitação dos valores ilegitimos já tinha se processado, restando pendente de definição a forma como seriam realizados os pagamentos periódicos. Antecipadamente, RODRIGO LOURES mencionou que caberia à pessoa de EDGAR intermediar tais operações (uma vez que ‘outros caminhos estavam congestionados’), chegando a aventar, ao final, a inserção de alguma empresa para a emissão de notas fiscais.”

O pagamento com nota fiscal foi descartado por Saud e ficou acertado, então, que a transação seria em espécie e ocorreria em um colégio de São Paulo. “Ao tratarem mais a fundo dessa possibilidade, RODRIGO foi claro ao afirmar, em suma, que o ‘coronel’ não poderia mais apanhar o dinheiro, razão pela qual tal tarefa seria confiada a ‘EDGAR’ ou a ‘RICARDO’, este mencionado como “xará”.” 

Coronel, para a Lava Jato, pode ser um amigo de Temer desde a década de 1990, que se chama João Baptista Lima Filho, mais conhecido como Coronel Lima – também objeto de perguntas da Polícia Federal ao presidente. A JBS afirma ter entregue ao Coronel Lima R$ 1 milhão em propina com destinação a Temer.

Edgar ainda não foi identificado pelos investigadores, mas Ricardo, o “xará” citado na conversa como alternativa a Edgar no recebimento de propina, é Ricardo Conrado Mesquista, vinculado à Rodrimar, na visão da Lava Jato.

Uma reportagem de 2001, da Folha, mostra que Temer também tem um Edgar em seu circulo de amizades desde os tempos de deputado federal. Trata-se de Edgar Silveira Bueno Filho. Não necessariamente o Edgar buscado pela força-tarefa. Mas um especialista em “agências reguladoras e concorrenciais”, justamente o assunto que dá dor de cabeça à JBS.

Edgar Bueno é desembargador aposentado do Tribunal Regional Federal de São Paulo e foi presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) em 1993. De acordo com a Folha, “dividiu escritório de advocacia com o deputado federal Michel Temer (PMDB-SP)”.

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