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Jornalista denuncia farsa para criar clima de terror e justificar golpe no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro 08/05/2019 Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Em artigo no Brasil 247, o jornalista Mauro Lopes conta que está em curso um projeto para criar um clima de terror no Brasil, que justificaria medidas de exceção.

“O bolsonarismo lançou uma operação política gravíssima na manhã desta sexta-feira (17) que tem como objetivo criar o clima para um golpe que implante o Estado policial. Foi uma operação articulada: enquanto Jair Bolsonaro divulgava em grupos de WhatsApp uma mensagem com tom conspiratório, acusando “corporações” (as “forças ocultas” de Jânio Quadros) pela crise do país e dizendo que “o Sistema” quer matá-lo, seu filho Eduardo investia no espantalho do “terrorismo”. Com o deputado federal Delegado Francischini, da ala mais extremada do bolsonarismo, Eduardo anunciou em um tweet perto das 10h que a Polícia Federal “investiga grupo terrorista que ameaça o presidente Jair Bolsonaro”. É a retórica mais surrada da extrema-direita para intimidar a sociedade e exigir poderes absolutos. A articulação será bem sucedida?”, escreveu.

O tuíte de Francischini e Eduardo Bolsonaro informavam: “A PF está tentando descobrir a identidade dos integrantes de um grupo extremista que ameaça matar o presidente Jair Bolsonaro e dois ministros. Precisamos nos unir”.

A revista Veja divulgou em seu site a reportagem “Polícia caça grupo terrorista que ameaça Bolsonaro e ministros”. No texto, menciona-se a uma articulação de uma tal “Sociedade Secreta Silvestre”, movimento que se autoproclamaria “ecoterrorista” e “anticristão”. Esse grupo Silvestre foi o mesmo mencionado pela polícia há mais de quatro meses, para justificar a operação gigantesca de segurança para a posse de Bolsonaro, em 1o. de janeiro. Na ocasião, os jornalistas foram proibidos até de levar frutas cortadas para cobrir a cerimônia de posse. Foi um evidente exagero.

Havia, na reportagem de Veja, imagem de um suposto documento do Ministério Público referindo-se a uma investigação da Polícia Civil do Distrito Federal que, no texto da revista, transformou-se em “divisão antiterrorismo da Polícia Federal”, no mesmo espírito do twitter de Francischini e Eduardo Bolsonaro (veja aqui a reportagem).

Logo no começo da tarde, o  Delegado Francischini apagou seu tuíolsonaolsote, que desapareceu do perfil de Eduardo Bolsonaro -não está mais lá, nos perfis de ambos, mas a imagem dele compõe a ilustração deste artigo. Também no começo da tarde, a Polícia Federal negou formalmente qualquer investigação sobre “atentado terrorista”.

Mas a linha de ação do bolsonarismo está dada.

“Mas a narrativa está aí, desde a facada, agora com a “Sociedade Secreta Silvestre”. Eles estão buscando espaço, espaço de articulação, unificar as fileiras da extrema-direita, sensibilizar os militares de espírito golpista.

Se der errado, Bolsonaro pode até renunciar. Mas não é renúncia que está em seus planos agora”, conclui Mauro Lopes