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Jornalista desvendou uma lenda urbana: quem era e como vivia o Fofão da Augusta

PUBLICADO ORIGINALMENTE EM 28 DE OUTUBRO DO ANO PASSADO E REPUBLICADO EM 22/09/2018.

O repórter Chico Felitti mergulhou por quatro meses no universo trágico e violento do morador de rua que São Paulo inteira conhece — mas que ninguém sabe quem é. E o revela num perfil muito bom, publicado em Buzzfeed.

É o Fofão da Augusta, que há décadas distribui folhetos sobre peças de teatro na cidade. Fofão estava internado no Hospital da Clínica, onde amputou um dedo infeccionado, com a pulseira de “desconhecido”. Era uma pessoa sem nome, atendida por médicos e enfermeiras que o conheciam.

Chico descobriu, enfim, quem é Fofão: Ricardo Corrêa da Silva, de Araraquara, um talentoso cabeleireiro, diagnosticado com esquizofrenia, que veio para São Paulo com um sonho: tornar-se mais bonito do que já era.

Depois de muitas plásticas, ficou com aquele rosto, que Chico Felitti assim descreve, logo no início do texto:

Ele virou uma espécie de lenda urbana por causa da sua aparência: há alguma substância sob a pele do seu rosto que faz sua cabeça parecer duas vezes maior; suas bochechas pendem, quase soltas, como as do personagem que apresentava um programa infantil na TV aberta nas décadas de 1980 e 1990. Vem daí o apelido.

O texto de Chico Felitti desvenda a lenda, mas o faz sem que se perca o encanto da história. Fofão é um personagem instigante nesta cidade que é a essência da contradição. O texto é longo, mas merece a leitura.

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Em dezembro do ano passado, Fofão da Augusta faleceu, em decorrência de uma parada cardíaca, aos 60 anos.

Natural de Araraquara, ele vivia na cidade de São Paulo há mais de 30 anos, onde ganhou Fofão da Augusta- do qual não gostava-, devido ao preenchimento de silicone que tinha nas bochechas e por estar sempre distribuindo panfletos ou caminhando pela Rua Augusta.

O jornalista Chico Felitti- que realizou uma reportagem sobre a vida de Ricardo em outubro deste ano- foi quem publicou em seu Facebook sobre a morte de Ricardo, que estava internado há um mês no hospital do Mandaqui, após um surto.

Chico foi quem informou à família de Ricardo sobre o falecimento e relatou: Dada a notícia, acaba a responsabilidade e fica só um vazio. E uma honra por ter conhecido esse homem nos últimos anos. Uma honra que não é profissional, mas muito humana, e é por isso que publico aqui esse texto que me desceu na madrugada em que eu soube da sua morte”.