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Jovem negro denuncia pastor da Assembleia de Deus de racismo

A Assembleia de Deus Ministério Belém, em São Mateus. Foto: Reprodução

O pastor Samuel Freire da Costa, filho de José Wellington Bezerra da Costa, que presidiu a Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil, foi denunciado por um jovem por racismo. O adolescente teve sua foto descartada de uma campanha da igreja, por conta do seu cabelo black power. Com informações da Folha de S.Paulo.

Segundo a ação, o jovem de 16 anos, participou de uma campanha da Assembleia de Deus Belém, em São Mateus, na zona leste de São Paulo. Ele e mais uma adolescente seguravam um balão inflável dourado na forma do número três, indicando quantos dias faltavam para o começo do projeto “Creio São Mateus”.

O jovem diz que “participar da campanha era uma vitória” porque, teria visto ali “a oportunidade de demonstrar aos jovens negros que eles tinham um lugar dentro da igreja, lugar que ele acreditava possuir”.

Após ter sido informado pelo líder dos jovens da igreja que a foto não seria usada. No dia do seu aniversário de 16 anos, de acordo com seus advogados, ele procurou o pastor Samuel para entender a situação. A conversa, a qual a Folha teve acesso, foi gravada por sua irmã em outubro de 2021.

O jovem diz ao pastor que, por ser branco, ele nunca passaria por algo assim, “de vir aqui me justificar por causa do meu cabelo”. Afirma também que não se sentia incluído na Assembleia de Deus e acrescenta que por muito tempo odiou seu penteado. A vida toda escutou que “cabelo bom é cabelo liso”.

O pastou diz ao jovem que seu corte de cabelo desvia dos padrões da igreja e cita uma passagem bíblica que pede obediência aos pastores: “Nós temos o nosso padrão. Se você quer ficar, repito, é muito bem-vindo e amamos você. Mas não vem com esse negócio de inclusão, de afro, isso é coisa do cão, isso é coisa do inimigo. Pessoas com pele muito mais escura e com o cabelo muito pior que o seu, e estão aqui cultuando ao mesmo Deus. Tá bem? Tá certo? Deus abençoe.”

O delegado Leandro Resende, titular do 49° DP, afirmou que o inquérito já foi finalizado e agora o caso aguarda um posicionamento do Ministério Público.

A família do adolescente entrou com a ação contra o pastor e a igreja que ele representa, e pedem uma indenização de R$ 50 mil por danos morais.

O adolescente pediu para ser beneficiado pela Justiça gratuita, para que não pague o custo do processo. A ação foi então extinta porque o juiz indeferiu um pedido de mais prazo para os advogados comprovarem que a família do fiel não pode bancar com os custos processuais, uma questão processual técnica.

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