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Juristas rebatem colunista da Folha que comparou Lula a Roberto Jefferson: “Patético”

Lula e Roberto Jefferson

Em artigo publicado na Folha, os juristas Lenio Streck, Marco Aurélio de Carvalho e Fabiano Silva dos Santos respondem a outro artigo, da filósofa Catarina Rochamonte.

No mesmo jornal, a colunista que se diz “liberal-conservadora” escreveu que o bolsonarista Roberto Jefferson será “elevado à condição de herói por ter sido preso”, assim como teria acontecido com o ex-presidente Lula.

De acordo com os juristas, Rochamonte faz uma comparação “patética”.

Leia alguns trechos:

O grande Norberto Bobbio dizia que a lição número um de um cientista é não comparar ovos com caixa de ovos. Sempre dá errado. Outra lição vem de Ludwig Wittgenstein (muito lido em faculdades de filosofia), que dizia: sobre o que não se tem competência para falar, deve-se calar.

Essas duas lições parecem não ter sido captadas pela colunista da Folha e filósofa Catarina Rochamonte, autoproclamada liberal-conservadora (sic).

Em artigo na Folha (“Bob Jeff, o herói bolsonarista”; 15/8), Rochamonte usa a prisão de Roberto Jefferson para atacar Lula. Sim. Diz que gritar pela liberdade de Bob Jeff é o mesmo que gritar Lula livre. Eis aí: ovos e caixa de ovos. Como filósofa, deveria saber sobre a tese dos dois demônios, raso truque retórico pelo qual, se tenho que, inexoravelmente, criticar um amigo (ou ex-amigo, porque Rochamonte é bolsonarista arrependida), tenho de, ao mesmo tempo, esculhambar um inimigo, arrastando-o para o mesmo terreno da infâmia. Nota zero na aula sobre sofismas.

Como filósofa, por certo ela não diria que Platão é um autor da modernidade ou do medievo. Tiraria zero. Pois então como pode, sem saber nada de direito, repetir pérolas como “que o STF comete abusos, isso é público e notório. O maior deles, diga-se de passagem, foi ter declarado suspeito o ex-juiz Sergio Moro a fim de garantir a elegibilidade de Lula”. Então, para ela, declarar um juiz que criminosamente faz arapongagem de advogados e outros ilícitos não é parcial? Declarar essa suspeição é abuso? Público e notório, colunista?

Chumbou na prova. Claro. São coisas do direito que, quem não é da área, não entende um ovo. Nós também não palpitaríamos sobre operação cardíaca. Ou sobre física quântica. A filósofa-colunista é negacionista do direito.

Negar a suspeição de Moro é como dizer que Christiaan Barnard não fez o primeiro transplante cardíaco. E que cloroquina cura Covid-19. Essa comparação é pertinente, porque o cerne é o negacionismo. Ou a ignorância. (…)