Kennedy Alencar: Tombo no PIB nos Estados Unidos deve servir de lição para o Brasil

Da Coluna de Kennedy Alencar no UOL.
Se faltava mais um dado para provar que a economia só vai se recuperar com uma resposta eficiente ao coronavírus, não falta mais. Anunciada na manhã desta quinta-feira, a impressionante retração de quase 10% do crescimento econômico dos Estados Unidos no segundo trimestre é a prova de que a solução para manter vivos empregos e empresas é priorizar o combate à pandemia.
“A economia nunca se recuperará completamente até nosso país controlar o vírus. Nunca foi uma escolha entre a saúde pública e a economia”, diz o governador de Nova York, Andrew Cuomo, em post no Twitter.
A queda do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA no segundo trimestre (abril a junho) foi de 32,9%, se anualizada. Na comparação com o primeiro trimestre (janeiro a março), que é a forma como o Brasil afere esse dado oficialmente, o tombo ficou em 9,5%.
“A queda do PIB americano foi a maior registrada desde a década de 40, o que mostra a gravidade do quadro e a extensão da crise. É uma queda comparada às observadas em período de guerra. Para aqueles que ainda não se convenceram, isso mostra claramente quão grave é o quadro do momento”, diz Monica de Bolle, pesquisadora sênior do Instituto Peterson de Economia Internacional e professora da Universidade Johns Hopkins, em Washington.
Segundo Monica, esse resultado reflete “algumas das medidas sanitárias mais restritivas” e também o auge da pandemia em Nova York e em outros Estados da costa leste dos EUA, onde muito da indústria está concentrada”.
Mas ela ressalta que todos os números por setores específicos mostram queda generalizada e têm a ver “com a má gestão da crise de saúde pública, que inevitavelmente traz repercussões horrorosas sobre a economia”. Num cenário de “epidemia nos EUA absolutamente fora de controle, mais efeitos econômicos negativos são esperados pela frente”, avalia.
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A forma irresponsável e incompetente como os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro lidam com o coronavírus tende a piorar a situação econômica nos EUA e no Brasil, porque faz com que a pandemia dure mais tempo num quadro agudo do que em países que agiram com maior rigor sanitário. Trump e Bolsonaro dinamitam, simultaneamente, os esforços de recuperação econômica e a saúde de americanos e brasileiros.
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