Lava Jato: advogada de delatores deixa os clientes e vai morar em Miami
Da Folha:
Responsável por fechar nove das 17 delações premiadas firmadas na Operação Lava Jato, a advogada Beatriz Catta Preta está se desligando de todas as ações relacionadas às investigações do esquema de corrupção na Petrobras.
Nesta segunda (20), a criminalista comunicou ao juiz Sergio Moro que largou as defesas do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e do ex-executivo da Toyo Setal Augusto de Mendonça.
Ela já informou aos seus clientes que eles têm até o dia 30 de julho para constituir um novo defensor. No meio jurídico, onde Catta Preta costuma ser atacada por críticos da delação premiada, especula-se que seus honorários estão entre R$ 2,5 milhões e R$ 5 milhões por causa.
Pessoas próximas afirmam que ela estaria de mudança para Miami (EUA), onde abriu um escritório em 2014.
A Procuradoria Geral da República informou que a mudança de advogado não afeta acordos de delação premiada já homologados nem invalida o conteúdo dos depoimentos já colhidos.
A advogada abandonou a Lava Jato duas semanas após um de seus clientes, o lobista Julio Camargo, mudar sua versão e dizer ter pago US$ 5 milhões em propina ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O deputado nega ter recebido propina.
Desde então, Catta Preta passou a sofrer pressão de aliados de Cunha. Integrante da CPI da Petrobras, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) apresentou dois requerimentos relativos à advogada.
No primeiro, determinou que ela fosse convocada para explicar a origem do dinheiro que recebeu como pagamento dos réus da Lava Jato. No outro, dirigido a uma juíza do Paraná, exigiu a lista de todos os clientes de criminalista.
No mesmo dia, Pansera agiu contra outros personagens da operação. Pediu a quebra do sigilo de parentes do doleiro Alberto Youssef –que também citou Cunha como beneficiário do esquema – e a convocação do filho de Julio Camargo à CPI.
A manobra revoltou o doleiro, que chamou Pansera de “pau mandado” do presidente da Câmara e disse que a iniciativa era uma “intimidação” por sua colaboração. Os requerimentos foram apresentados quando já se especulava que Cunha seria incluído na delação de Camargo.