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Lembo: “Grupo de derrotados quer derrubar alguém eleito pelo povo”

Cláudio Lembo em entrevista para a Folha:

 

Qual é a argumentação que o sr. usa para defender que o impeachment de Dilma não deve ocorrer?
Todos já disseram que é fraude, todos já disseram que aquelas contas que foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União, depois analisadas pelo Congresso, que é meramente indicativo etc. O meu ponto é mais sociológico.

Por acaso, na Argentina, encontrei um livro excepcional, de um menino argentino. O livro dele é sobre como na América Latina atual substituíram-se os golpes militares por impeachment. Esse juízo político, que é o impeachment, está sendo usado pelos conservadores, pelos reacionários, pelos contrários aos governos eleitos —seja o país que for—, para derrubar presidentes. Isso me sensibilizou muito, e é verdade.

Eu vejo no Brasil um grupo de derrotados que quer derrubar alguém que foi eleito pelo povo, acho isso muito equivocado, muito errado.

O governo entrou em contato com o sr. a fim de pedir um posicionamento público?
Foi espontâneo, absolutamente espontâneo. Porque [os que são a favor do impeachment] são grupos que não se conformam com o resultado das urnas. Não é possível fazer democracia assim —se dissessem: “Vamos esperar 2018 e eleger outra linha de pensamento”, tudo bem. Mas derrubar um presidente eleito é um absurdo.