Líder do Centrão fala em “vitória inevitável” contra candidato de um Maia enfraquecido

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Na Câmara, o candidato do Planalto, Arthur Lira (PP-AL), fortaleceu-se nesta semana, conquistando apoio também na oposição ao governo, caso de deputados do PSB. Lira apela ao discurso de que sua vitória é inevitável – e com isso tenta amealhar apoio até de colegas de siglas como o PCdoB, resistentes ao diálogo com um aliado de Bolsonaro. A oposição teme ficar sem postos de comando na Mesa Diretora se não compuser com o deputado que sair vitorioso.
O atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é criticado por ter demorado em se posicionar claramente. Antes da decisão do STF, ele evitou dizer se tentaria um novo mandato ou apoiaria um nome específico. Sinalizou simpatia por diversos. Essa indefinição enfraqueceu seu passe na disputa. Nos primeiros dois anos do governo Bolsonaro, o presidente da Câmara foi, senão o principal, um dos mais influentes contrapontos aos interesses do Planalto. Com o poder de decidir a pauta de votação e capacidade de articular com deputados de variadas correntes, ele chegou a ser comparado a uma espécie de primeiro-ministro, com mais poder que o próprio presidente.
Sua derrota, caso se consolide, seria por si só uma vitória de Bolsonaro. Elegendo para o cargo um deputado afinado e atrelado ao governo, o presidente terá mais facilidade em fazer avançar os projetos que considerar prioritários no Congresso. Até agora Bolsonaro amargou derrotas, com respaldo às vezes informal de Maia, em iniciativas como a que facilitava o acesso a armas de fogo, uma promessa de campanha de Bolsonaro, e no projeto anticrime. Há outros exemplos em que o Congresso contrariou os interesses do Planalto, se não no conteúdo, na forma e no timing.
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