Líder guarani-caiová é morto a facadas
Um líder dos índios guarani-caiová de Mato Grosso do Sul foi esfaqueado e morto em sua casa no território chamado Guyraroká, em Caarapó (277 km de Campo Grande).
Ambrósio Vilhalva, 53, ganhou projeção internacional em 2008, quando foi protagonista do filme “Birdwatchers” (ou “Terra Vermelha”), que narrou a retomada de terras dos ancestrais dos guaranis.
A Polícia Civil suspeita que o crime tenha sido motivado por brigas internas na aldeia, impulsionadas pelo consumo elevado de álcool entre os índios.
A polícia prendeu em flagrante o sogro de Vilhalva, Ricardo Quevedo, apontado como autor do homicídio.
Quevedo nega.
Segundo a delegacia regional de Dourados (MS), o líder guarani tinha três mulheres, sendo duas delas mãe e filha. Ambas, diz a polícia, afirmaram que viram Quevedo –respectivamente pai e avô delas — entrando na casa de Vilhalva naquela madrugada e depois saindo correndo.
Ainda conforme o delegado, momentos antes do crime, os dois consumiam álcool com outros índios em Guyraroká.
A morte do líder guarani provocou manifestações de ONGs ligadas ao movimento pela retomada de terras indígenas, como o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), braço da Igreja Católica no Brasil para temas indígenas.
Na opinião do cientista político Egon Heck, assessor do Cimi, a despeito de eventuais motivações pessoais para o crime, o homicídio de Vilhalva não é um caso isolado. Relaciona-se, afirma Heck, ao ambiente tenso provocado pelo “confinamento dos índios” a pequenos espaços.
Ao “aperto” de grupos indígenas em poucos hectares somam-se problemas como alcoolismo, subnutrição e altas taxas de suicídio, diz Heck.
“O desfecho dessa morte é uma consequência de elementos regionais. Fazemos um apelo para que os governos resolvam as conjunturas de fundo desse problema”, disse Heck. Ele refere-se à necessidade de expulsar os cultivos de cana e soja e a criação de gado das áreas indígenas.
Saiba Mais: Folha