Apoie o DCM

Lobão pula fora e agora diz que Bolsonaro não tem capacidade de governar

Lobão

Do Valor:

Foi por causa de uma promessa não cumprida — que ouvira em 2002 numa reunião com o então candidato Lula e o presidente do partido José Dirceu — que o cantor e músico João Luiz Woerdenbag Filho, o Lobão, 61 anos, se decepcionou e votou pela última vez no PT. Sua prioridade em política pública era a educação, e os líderes petistas, afirma, lhe acenvam com um Brasil que se transformaria numa Coreia do Sul. Foi em meio à crise na área de educação que levou centenas de milhares de estudantes e professores às ruas, nesta quarta-feira, que Lobão decidiu abrir o verbo contra o governo Bolsonaro, seu novo desencanto político. Um dos maiores influenciadores nas redes sociais bolsonaristas — com 660 mil seguidores no Twitter e um dos líderes da direita forjada depois das manifestações de 2013 — Lobão aceitou conceder entrevista ao Valor depois de observar o cenário, com uma cautela que não é mais necessária.

O candidato que apoiou oficialmente em setembro do ano passado — depois de se desapontar com as ideias do Partido Novo — converteu-se num presidente que “confia apenas nos filhos”, está “ilhado” e faz um governo que é “um desastre”. “Eu tinha que optar por alguém e esse alguém foi o Bolsonaro. Mas ele mostrou que não tem a menor capacidade intelectual e emocional para poder gerir o Brasil. Isso está muito claro para mim e fico muito triste. É óbvio que o governo vai ruir”, diz Lobão, numa conversa sem meias palavras e sem receio da reação dos apoiadores do presidente.

Ninguém vai ficar com medo dessa meia dúzia de otários”, afirma o músico, em referência aos “olavetes”, grupo de ex-alunos, militantes e seguidores do escritor e guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho. Lobão lamenta que Bolsonaro dê prioridade para ouvir essa “facção”, que se volta contra qualquer atuação mais moderada, da ala militar a aliados que foram expurgados num processo de “linchamento total”. Cita os casos dos deputados do PSL que viajaram a China, de Gustavo Bebbiano, Augusto Nunes, Felipe Moura Brasil, Rodrigo Maia, Hamilton Mourão e “todos os militares”. “É óbvio que o Olavo vai acabar com esse governo, porque ele é uma pessoa muito autodestrutiva. Olavo é um sociopata. Não tem empatia por ninguém. É um ególatra”, diz.

(…)