Ludhmila Hajjar, possível sucessora de Pazuello, disse que “Brasil está fazendo tudo errado na pandemia”

De Augusto Diniz no Jornal Opção.
A anapolina Ludhmila Abrahão Hajjar está na linha de frente no tratamento de pacientes com Covid-19 desde o início da pandemia no Brasil, entre fevereiro e março de 2020. Médica cardiologista e intensivista que atua em São Paulo, Hajjar é uma das referências na doença. Professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), a goiana diz que o Brasil apresentou avanços no tratamento da Covid-19 em um ano, mas apresentou retrocessos nas medidas sanitárias e sociais de contenção do avanço do coronavírus (Sars-CoV-2).
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“Foi uma ineficiência na adoção de medidas que poderiam ter minimizado muito a prevalência da doença”, lamenta a médica supervisora da Cardio-Oncologia do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas (HC-FM/USP). Coordenadora da Cardiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Ludhmila Hajjar critica o momento que vivemos na pandemia. “Hoje temos um número muito pequeno da população vacinada. Isso tudo tem um resultado hoje catastrófico, que estamos, infelizmente, assistindo no nosso dia a dia.”
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Para a vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Cardiologia da FM/USP e diretora de Ciência, Inovação e Tecnologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o Brasil perde muito em gastar energia e assistir a presidente e governadores em guerra para discutir quem deu mais ou menos dinheiro para combater a Covid-19. “Tem de haver um plano organizado e sistemático. O que já deveria ter sido feito. O Brasil deveria estar hoje com cinco ou seis vacinas disponíveis”, observa Hajjar, que atua na Rede D’Or e já foi coordenadora da UTI Cardio Covid do Instituto Central do HC da Faculdade de Medicina da USP.
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Em meio à confusão de informações falsas, como insistir para que as pessoas adotem protocolos básicos de prevenção e higiene pessoal contra a doença?
Tem de insistir. É um trabalho da imprensa, dos profissionais da saúde, da sociedade, dos nossos líderes. Tem muitos líderes sérios fazendo um excelente trabalho. É preciso realmente que a sociedade acorde, olhar o que está acontecendo na própria janela, na vida, nas portas dos hospitais, com as famílias perdendo pessoas.
Não era nunca para estarmos em crescimento do número de doentes mortos sendo que o mundo todo demonstra uma queda. O Brasil está fazendo tudo errado e está pagando um preço por isso.
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