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Maioria de bolsonaristas moderados está arrependida do voto, diz socióloga em pesquisa

Socióloga Esther Solano

De Alexandra Martins no BRPolítico.

A maioria dos eleitores moderados do presidente Jair Bolsonaro das classes C e D está arrependida de seu voto. É o que constata hoje a socióloga Esther Solano em pesquisas qualitativas que realiza com esse perfil de eleitor desde 2016 para a Fundação Tide Setubal, com a cientista política Camila Rocha. A amostra é composta daqueles que não são radicalmente apoiadores do presidente, “que é a grande maioria de seu eleitorado”, diz, e das classes C e D, que é a grande maioria da população.

Um dos três motivos mais marcantes dessa mudança de comportamento é a postura agressiva de Bolsonaro. Se na época de pré-campanha essa característica verborrágica era vista como adequada, em razão das contingências da disputa, sendo inclusive tratada como qualidade de um candidato honesto, sincero e honrado, hoje é vista como um problema. “Já durante o governo, as pessoas reclamam de que ele continua sendo muito violento e agressivo. Para esse público, o presidente deveria ser mais cauteloso e moderado”, afirma Solano.

O segundo seria uma inabilidade para governar expressa, especialmente, em redes sociais. “Eles reclamam muito de que ele estaria todos os dias nas redes sociais, provocando problemas, que ele deveria focar, trabalhar, ser muito mais sensato. Surge muito essa ideia de que o Brasil já passou por muita instabilidade e que ele agora, em vez de dar uma estabilidade maior para o País, está gerando mais instabilidade ainda”, acrescenta.

Por último está a discordância desses bolsonaristas moderados das classes C e D com as reformas trabalhista e previdenciária. “Já pegamos vários depoimentos de pessoas que votaram no Bolsonaro falando: ‘Eu votei nele, mas agora vejo que ele é antipovo, que as reformas são antitrabalhador’”, destaca. A pesquisadora cita como relevante o temor da amostra com o desemprego, a precarização do trabalho, terceirizações e até com a agenda privatista da equipe econômica do governo, principalmente com a sobrevivência do SUS.

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