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Mano Brown: “Tinha um time para prender o Lula e o Moro fazia parte dele”

O líder do Racionais Mc´s, Mano Brown, concedeu entrevista à Veja. À beira dos 50 anos, a principal voz da periferia para rasgar o verbo em questões sociais, raciais, policiais e políticas fala também de dinheiro, política e da família.

Mano Brown

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Como é a sua relação com a polícia atualmente?
No imaginário, as pessoas veem o Mano Brown diferente do que eu sou, que fala duro, é mal encarado, inclusive a polícia. Mas deixa eles para lá, Racionais contra polícia virou Fla-Flu. Essas histórias de gângster, de polícia contra ladrão, são mais clichê para cinema. Muitos têm fetiche por essas ideias, mas não vou alimentar mais isso, não.

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Se arrependeu do discurso feito durante evento do PT na campanha de Fernando Haddad?
Sim, um pouco, não totalmente. Posso dizer que tem 10% de arrependimento. Já é arrependimento. E 90% de neurose, raiva e descrença total no futuro. Caetano Veloso estava do meu lado e concordou quando eu disse que perdemos a eleição. Eu não queria falar, mas me chamaram duas vezes ao palco. Colocaram uma granada sem pino na minha mão. Passado aquele pessimismo, eu estou tentando entender o novo Brasil, para eu ver onde me encaixo, onde posso ser útil. Mas não quero ser pedra no sapato da sociedade, da favela. Encheu o saco. Enchedor de saco oficial, não sou esse cara. Quero ficar de boa, deixar os outro de boa. O povo escolheu o que quer.

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Tem acompanhado os vazamentos das conversas privadas do procurador Deltan Dallagnol, entre as quais algumas com o ex-juiz Sérgio Moro?
Está claro que tinha um time para prender o Lula e o Moro fazia parte dele. Um juiz não pode ser do time da acusação. O Moro não agiu como juiz, mas como um pivô que escora para o centroavante mandar a bola no ângulo. Me lembrou a dupla Edmundo e Romário. O Moro é o Edmundo, só fez o pivô

Como você avalia os primeiros meses do presidente Jair Bolsonaro?
O mesmo de antes: sabe nada. Mas votaram nesse cara? Vamos respeitar. Pode discordar, mas tem que saber respeitar. Não sou daqueles que acham que o povo não sabe o que faz. Pelo contrário. O voto fala, opinião pública fala, internet fala, rede social fala. Ignora quem quer, tá ligado?. Ficar quatro anos sabotando o governo desse cara? Não. O povo escolheu, o povo cuida disso.

E o governador João Doria em São Paulo?
Ele vai ser presidente do Brasil. Para isso que o país está caminhando.

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