Manobra para esconder dados sobre pandemia aproxima Bolsonaro de regimes autoritários

Da Coluna de Jamil Chade no UOL.
Nos últimos dias, as manobras do governo brasileiro para dificultar o acesso à informação relativa aos casos de covid-19 no Brasil aproximaram o Planalto às práticas de censura registradas em outras partes do mundo e a alguns dos regimes mais autoritários do mundo.
Desde sexta-feira, os números acumulados de casos e mortes deixaram de ser divulgados desde ontem pelo Ministério da Saúde. O site que agrupa as informações foi retirado do ar por várias horas no fim de semana, enquanto as coletivas de imprensa se tornaram mais raras, com menos informação e, em alguns casos, canceladas em cima da hora. Quando o site retornou, o histórico sobre a pandemia havia desaparecido e o número acumulado de casos e mortes foi apagado.
Não há, portanto, como saber a curva da pandemia no Brasil, se ela perde força ou continua intensa.
Na ONU, o acesso à informação é um dos pilares da resposta a uma pandemia e, pelas regras da OMS, o governo brasileiro é obrigado a submeter o número de novos casos registrados, com detalhes até mesmo sobre a faixa etária dos contaminados.
Mas o comportamento de Brasília chamou a atenção dos órgãos internacionais e relatores dos órgãos relacionados às Nações Unidas, já que a censura ou a dificuldade em garantir acesso à informação têm sido táticas de governos pouco democráticos.
Se mantida, a tática do governo será colocada sob o questionamento dos organismos internacionais, que se prepararam para pedir esclarecimentos ao Brasil. O país vai na contramão de quase a totalidade de governos democráticos.
(…)