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Mantega na berlinda

Declarações da presidente Dilma Rousseff desataram uma onda de especulações sobre a possibilidade de que, após mais de oito anos no cargo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, esteja na berlinda.

Questionada sobre se Mantega permaneceria em um eventual segundo mandato, Dilma respondeu: “Eleição nova, governo novo, equipe nova.”

As declarações foram feitas uma semana depois da notícia de que o Brasil entrou no que se convenciona por “recessão técnica” (dois trimestres seguidos de crescimento negativo) e em meio a pesquisas eleitorais que indicam empate técnico entre Dilma e a candidata Marina Silva, do PSB, no primeiro turno.

Mas não é de hoje que Dilma vem sendo pressionada a demitir Mantega. Há alguns anos, o ministro caiu em desgraça aos olhos dos mercados, investidores e alguns empresários.

Identificado com a corrente dos economistas desenvolvimentistas, Mantega é o ministro da Fazenda que ficou mais tempo no cargo.

Ele foi nomeado ministro do Planejamento no primeiro governo Lula, em 2003, quando ajudou a impulsionar o projeto das Parcerias Público Privadas (PPPs).

Em 2004, passou para a presidência do BNDES. A entrada na Fazenda ocorreu em março de 2006, após a saída de Antônio Palocci – em meio ao escândalo envolvendo a quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa.

Em 2008, o ministro foi um dos arquitetos da política anticíclica que ajudou a reduzir os efeitos da crise internacional sobre o Brasil. Dentro dessa estratégia, o governo expandiu seus gastos e investimentos e ampliou o crédito dos bancos públicos, estimulando o consumo.
Para o economista André Biancarelli, da Unicamp, “esse pode ser considerado um dos grandes acertos de Mantega”.

“Hoje existe certo consenso de que essa estratégia ajudou a impedir que o país fosse arrastado pela crise”, diz.

Já no governo Dilma, o ministro assumiu a defesa dos esforços para se reduzir a taxa de juros – política abandonada quando a inflação começou a chegar muito próxima do teto da meta definida pelo Banco Central.

Alguns fatores teriam, segundo analistas, deteriorado a relação de Mantega com investidores e empresários. O primeiro seria seu “excesso de otimismo”. O ministro ficou conhecido por fazer previsões que nunca se confirmaram.

Saiba Mais: bbc