Máquina de fake news de Bolsonaro agora quer enganar seus próprios apoiadores, diz jornalista

Da Coluna de Bruno Boghossian na Folha de S.Paulo.
A turma do governo se emplumou na virada do ano para fazer uma comparação que parecia impressionante. Auxiliares de Jair Bolsonaro divulgaram que o custo das viagens do presidente em seu primeiro ano havia sido de R$ 8 milhões, ao passo que Dilma Rousseff havia gastado R$ 483 milhões em 2014.
A intenção era louvar o chefe e sua capacidade de gestão, em contraste com a gastança desenfreada dos “esquerdopatas”. A ministra Damares Alves escreveu: “Vamos deixar o povo julgar”. Mas era tudo mentira. Os governistas emparelharam coisas totalmente diferentes. A cifra de Dilma englobava os gastos com passagens de todos os servidores do governo, enquanto o número de Bolsonaro levava em conta só as viagens do presidente. No ano passado, na verdade, o valor total destinado a passagens foi de R$ 421 milhões, segundo o Portal da Transparência.
A máquina de propaganda do bolsonarismo se alimenta de mentiras, informações distorcidas, dados maquiados e comparações esdrúxulas. A função desse mecanismo não é só confundir o debate público, mas principalmente enganar os próprios apoiadores do governo.
Em certas situações, o presidente elabora mentiras sob medida para suas bases. Criticado por seguidores, ele inventou que sofreria um impeachment se vetasse a destinação de R$ 2 bilhões para o fundo eleitoral.
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