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Marcelo Odebrecht conta em entrevista como a Lava Jato prejudicou os negócios do Brasil no exterior

Marcelo Odebrecht

Da Folha de S.Paulo:

O empresário Marcelo Odebrecht, 51, arruma milimetricamente o quadro que fica na parede do local que escolheu para fazer as imagens desta entrevista. O quadro traz a foto de uma grande raiz, encontrada pelo seu avô e fundador da Odebrecht, Norberto, em uma praia ao sul da Bahia, na década de 1970.

O grupo baiano foi fundado em 1944, chegou a faturar R$ 132 bilhões e a empregar 193 mil pessoas. Desde a Lava Jato, no entanto, a empresa enfrenta dificuldades e atualmente passa por uma das maiores recuperações judiciais da história do país, com dívidas que chegam a R$ 98,5 bilhões.

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Como evitar que o BNDES levasse um calote?
Até antes da Lava Jato, nenhum projeto nosso teve default [termo usado na economia como sinônimo descumprimento de acordo para pagamento]. Nenhum governo que a gente atuava entrou em default. Era uma coisa que a gente fazia questão de acompanhar, porque sabíamos que podia matar a galinha dos ovos de ouro. Por isso, a gente acompanhava de perto. Agora, depois da Lava Jato, com a destruição que foi feita da nossa imagem no exterior, ficou difícil de a gente ficar no pé dos governos para que os financiamentos fossem pagos.

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A Odebrecht ainda pode fazer esse tipo de negócio?
Poder pode, mas se criou uma névoa em cima desse assunto, que até dispersar e ficar tudo claro, acho que todo mundo acaba ficando com receio.

Inclusive fora do Brasil?
Do jeito que a Lava Jato foi divulgada, acabou parecendo que o Brasil é o país mais corrupto do mundo, e que as empresas brasileiras exportavam corrupção. Não é verdade —nem uma coisa nem outra. Mas nossos competidores no mundo souberam tirar vantagem disso. Vários países culpam a Odebrecht. Essa é uma questão que vamos ter de superar.

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