Marina compara Doria a Dilma e diz que não apoiaria Aécio novamente
Marina Silva deu entrevista ao Uol:
Como a senhora vê a popularidade de um candidato como o João Doria, que tem o discurso de empresário, fora da política — como o Donald Trump, presidente dos EUA?
O bom da política é que ela favorece o fazer político mesmo daqueles que a negam.
Existem pessoas que fazem a política de dizer que não estão fazendo política. Para mim, essa é a pior política porque essa é a forma mais velha de se fazer política.
Em 2010, nós conseguimos ter um exemplo disso. Me lembro daquela época dessa história de “o gerente”, de alguém que vem muito mais da gestão do que da política. Isso não começou agora. Isso foi criado, em 2010, pelo PT e pelo PSDB, quando lançaram a Dilma e o Serra, como os dois grandes gerentes. Foi aí que se iniciou essa cultura política do gerente. E a gente viu no que deu.
Acho que os 14 milhões de desempregados que temos hoje no Brasil são os que estão mais aprendendo com essa história de fabricar lideranças políticas em nome da gerência.
Não é com a negação da política que a gente vai ajudá-la a recuperar a sua potência transformadora de voltar a contribuir para resolver os problemas, em vez de ficar só criando problemas.
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A senhora apoiou abertamente o [senador tucano] Aécio Neves nas eleições de 2014, e ele é um dos senadores com maior número de inquéritos no STF. A senhora se arrepende de tê-lo apoiado?
Naquelas circunstâncias não se tinha as informações que se tem hoje. Para as circunstâncias, o que foi feito foi apresentar uma proposta de compromisso com as políticas sociais, numa espécie de carta aos brasileiros sobre as políticas sociais.
Ele se comprometeu com essas políticas, em relação à reforma agrária, ao Bolsa Família, à questão ambiental, às várias políticas relevantes que não estavam em seu programa. Foi com base nesse programa que manifestei o meu apoio.
Nenhuma dessas denúncias estavam postas naquela oportunidade para a maioria dos candidatos.
Se o que está revelado hoje estivesse no cenário, com certeza, as decisões tomadas seriam outras decisões.
Hoje [estão sendo investigadas] lideranças de todos os partidos como o senador [José] Serra, do PSDB, o Aécio, o ex-presidente Lula, várias lideranças do PT, o Palocci, nove ministros do governo, o próprio presidente Michel Temer, os dois presidentes das Casa hoje. Isso é a grande conquista da Lava Jato.
A Lava Jato está mostrando que nós estamos diante de uma situação que temos que fazer uma escolha: queremos de fato passar o Brasil a limpo e não ir pela lógica de que existem pessoas grande demais para se submeter à lei.
(…)