Apoie o DCM

MBL perde relevância nas redes e caminha para “limbo”, diz cientista político

cúpula do MBL

De Rafael Veleda, Gabriela Vinhal e Ricardo Tafner no site Metrópoles.

Protagonista na mobilização popular que foi pano de fundo para o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e força política que elegeu nomes de destaque em duas eleições seguidas, o Movimento Brasil Livre (MBL) enfrenta uma contínua queda de relevância no ambiente em que construiu sua força, a internet. Levantamento do (M)dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, mostra que os canais do movimento em plataformas como YouTube e Twitter registram menos visualizações, curtidas e retuítes.

(…)

Ao Metrópoles, Holiday admitiu a queda em engajamentos com o grupo nas redes sociais, e, como justificativa, citou um momento político mais “equilibrado” em relação ao período em que o PT esteve no poder. Outro motivo, avalia Holiday, se deve ao “cansaço” das pessoas em discutir política a todo instante. No entanto, ele sustenta que, quando há notícias relevantes que “movem o mundo político”, o movimento recebe alto retorno.

(…)

Para o cientista político Lucas de Aragão, da consultoria Arko Advice, os elementos políticos que possibilitaram o sucesso do MBL não existem mais. “Quando eles surgiram, havia duas linhas de raciocínio político no Brasil: o petismo e o antipetismo. Eles conseguiram representar o antipetismo por um tempo, mas essa força se diluiu”, avalia.

Para o pesquisador, o bolsonarismo conseguiu, à partir da eleição de 2018, representar melhor essa ala do eleitorado e acabou excluindo os personagens mais moderados, o que inclui o próprio MBL. “A narrativa do antipetismo grudou no bolsonarismo e o MBL ficou órfão de discurso, ficou excluído dos dois grupos, porque a esquerda não os perdoa e a direita que chegou ao poder não precisa deles. Quem vai escutar o MBL?”, questiona.

O público do movimento, segundo Aragão, não acabou, mas agora se concentra entre as pessoas que não gostam da gestão Bolsonaro, mas também não se identificam com a esquerda. “Só que esse público não está na polarização e, por isso, não se engaja tanto politicamente, não vê muitos vídeos no YouTube. O MBL ficou num limbo político”, conclui.

(…)