Megatraficante de drogas esteve com Mourão no Planalto para falar sobre patriotismo

Hamilton Mourão recebeu um dos maiores traficantes de cocaína do Brasil em audiência no Palácio do Planalto enquanto era vice-presidente. O encontro ocorreu em 19 de março de 2019 e a pauta foi o fortalecimento do patriotismo no Brasil. A informação é da agência Sportlight.
Na data, o então vice de Jair Bolsonaro recebeu quatro reservistas do Exército. Entre eles, Milton Constantino Silva (44), que foi preso mais deum ano depois por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa. Ele foi alvo da “Operação Enterprise” no dia 23 de novembro de 2020.
A reunião de Mourão não consta em sua agenda oficial na data, mas uma publicação de um dos visitantes do grupo diz que a pauta foi sugerir “uma série de propostas visando, em especial, uma participação mais efetiva dos reservistas das Forças Armadas Brasileira junto à sociedade brasileira, auxiliando na promoção da cidadania, patriotismo e fortalecendo a Associação de Reservistas”.
Segundo Edson Mezomo, corretor imobiliário e um dos participantes do encontro, o que unia os membros da reunião era o fato de serem ex-militares. Eles se contatavam em encontros da Associação dos Reservistas do Brasil e, de acordo com ele, todos desconheciam a atividade ilícita de Milton Constantino da Silva.
O corretor afirma que o grupo conseguiu uma visita ao então vice-presidente por meio de uma carona de Constantino para Brasília em um dos seus aviões. Na chegada a Brasília, os quatro foram entrevistados por militares e tiveram de dar informações sobre a vida toda, para evitar uma exposição a Mourão.
Constantino da Silva tinha um cargo alto na organização criminosa, abaixo apenas de Sérgio Roberto de Carvalho, ex-major da Polícia Militar que foi apontado como um dos líderes da quadrilha.

Antes da visita a Mourão, Constantino já tinha um histórico criminoso. Em 2011, ele foi condenado a 11 anos de prisão por formação de quadrilha, falsificação de documento público e receptação. A pena prescreveu em 2014 sem punição, mas na época da visita, ele estava sob investigação da PF.