Militares recusam aproximação de campanha de Lula a mando de Bolsonaro
A menos de um mês das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não conseguiu avanço no diálogo com a cúpula das Forças Armadas. Interlocutores do petista tentaram se aproximar de oficiais-generais influentes na caserna, no entanto, a intenção foi barrada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
O Exército segue a orientação de que qualquer contato político ou solicitação de candidatos sejam direcionados para avaliação do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira. O chefe do Executivo não aprova contatos de integrantes do governo com a oposição, uma vez que sempre teve as Forças Armadas como base eleitoral.
Bolsonaro já deixou isso bem claro no auge da pandemia de Covid-19. Na ocasião, o ex-capitão desautorizou o Ministério da Saúde a negociar diretamente com a gestão de seu adversário político, o então governador paulista João Doria (PSDB), quando a vacina Coronavac estava na fase de desenvolvimento. Posteriormente, as vacinas foram compradas, mas o presidente retardou as tratativas com Doria o máximo que pôde.
De acordo com o Estadão, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa de Lula, tentou conversar com a cúpula do Exército, mas ouviu que as portas estavam fechadas. Oficialmente, o Comando do Exército negou qualquer abordagem.
Apoiadores de Lula sustentaram que, “como há um conflito muito forte, uma polarização”, pode ser conveniente que o ex-presidente não seja recebido. Além disso, interlocutores do petista preferem não levar em consideração o fato de as Forças Armadas terem atuado fortemente na pressão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com envio de questionamentos ao processo eletrônico de votação.
Segundo um conselheiro de Lula, após a tentativa frustrada de diálogo com a cúpula militar, o petista desistiu. Agora, o ex-presidente considera ter um legado de “previsibilidade” na relação com a caserna.