Militares se articulam para lançar candidaturas às eleições de 2020

Do Estadão:
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Oficiais e praças estão se articulando. Querem aprofundar a presença da classe na política. O objetivo agora é lançar candidaturas às eleições 2020. O sucesso dessa empreitada pode dar a dimensão da capilarização do movimento, iniciado em 2018 e coordenado então pelo general e deputado federal Roberto Sebastião Peternelli (PSL-SP).
O exemplo de Brasília pode levar muito militar das Forças Armadas e das PMs a preencher a ficha de filiação partidária e a concorrer às prefeituras e às câmaras municipais. A votação deles deve aferir a popularidade e capacidade de mobilização do bolsonarismo, caso o movimento não consiga registrar seu partido a tempo de concorrer ao pleito.
Esse movimento, entretanto, começa a sofrer críticas de militares da reserva que veem aí um aumento dos riscos à democracia, em razão da partidarização de instituições que devem servir ao Estado e não a governos. Em outras palavras: qual a isenção de quem deve vigiar o pleito para evitar crimes eleitorais, quando seus membros são candidatos de um grupo político que recebe do governo benesses, cargos e salários? Enfim, quem vai fiscalizar o fiscal?
Marco da volta dos militares à política foi a manifestação do general Villas Bôas, então comandante do Exército, pelo Twitter, em 2018, contra a concessão de habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ação do comandante teve efeito avassalador. Dezenas de oficiais seguiram o chefe e abriram contas na mesma rede social. E passaram a fazer postagens de caráter político-partidário – quase todas em apoio a Bolsonaro.
Ninguém foi punido. A panfletagem tuiteira dos homens da ativa deixou um rastro público de ruptura da isenção e da neutralidade partidária de integrantes da instituição. Em um mundo em que as correntes de WhatsApp mobilizam mais do que as reuniões do Clube Militar, o impacto da ação de Villas Bôas não pode ser desprezado. “A palavra convence; o exemplo arrasta”, afirma um coronel crítico da partidarização dos colegas.
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