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“Minha pressa não é por vacina, é por comida”: o que dizem as pessoas em fila no Ceagesp turbinada por ato anti-Doria

Da El País

Mulher recebe sacola com alimentos na Ceagesp
Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

O anúncio de uma doação de kits de alimentos pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, a Ceagesp, atraiu milhares de pessoas ao local nesta quinta-feira, causando aglomeração em meio à pandemia do coronavírus. Muitos chegaram de madrugada para tentar conseguir uma das 3.000 senhas disponíveis para receber uma cesta de verduras, legumes e frutas. A fila quilométrica para conseguir a ajuda dava voltas no quarteirão e nem mesmo uma forte chuva pouco após o início da distribuição, que começou por volta das 14h, espantou os interessados. A ação aconteceu em meio a um protesto dos permissionários do entreposto contra o governador João Doria (PSDB) em virtude do aumento do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) para a cadeia produtiva dos hortifrutigranjeiros. Horas depois, o governador revogou as mudanças nas alíquotas de ICMS para o setor.

Benedita Correia, de 71 anos, passou mais de 8 horas na fila para conseguir os mantimentos. Aposentada e com dois filhos desempregados, ela tem tido bastante dificuldade de manter a família apenas com um salário mínimo, que atualmente tem o menor poder de compra em relação aos produtos da cesta básica em 15 anos. “Fiquei com medo dessa aglomeração toda, algumas pessoas sem máscara, se apertando para entrar, mas vim pela necessidade”, afirmou ela ao EL PAÍS já com uma sacola de plástico com alface, cenoura, tomate e algumas frutas. Pertencente ao grupo de risco do coronavírus, ela não vê a hora de receber a vacina contra covid-19 para “voltar a ter uma vida mais normal”. “A verdade é que o Governo está muito enrolado com essa vacina e os casos aumentando”, disse. Em São Paulo, o avanço da pandemia atingiu na última semana a maior velocidade desde agosto do ano passado. O Estado registrou aumento de 63% no número de casos positivos de coronavírus e 49% no de óbitos da doença.

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