Ministério da Saúde ignorou recomendação dos técnicos para trazer seringas de avião e optou por navio

Do Globo:
O Ministério da Saúde contrariou parecer da própria pasta que recomendava a compra de seringas com entrega por frete aéreo para garantir que o país tivesse insumos suficientes a tempo para efetuar a vacinação contra Covid-19. Durante a negociação com a Organização Panamericana da Saúde (Opas) para a aquisição dos produtos, o Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do órgão defendeu a manutenção da compra com entrega por avião, ainda que com preço maior, sob o argumento de que o mercado nacional poderia não conseguir suprir a demanda do Programa Nacional de Imunização (PNI) no tempo previsto.
Apesar do alerta, o departamento foi ignorado pela secretaria executiva da pasta, comandada pelo oficial do Exército Élcio Franco, “mesmo cientes das diferenças quanto ao tempo de entrega”. Documentos do Ministério da Saúde, obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação, mostram que a previsão para a chegada da primeira remessa de entregas no país por via marítima é 25 de janeiro, quando seriam remetidas apenas 1,9 milhão de unidades, depois disso a próxima entrega só chegaria em março. Enquanto que, pelo transporte aéreo, 20 milhões de seringas já teriam chegado ao Brasil em dezembro do ano passado.
Na terça-feira, o GLOBO revelou que o Ministério da Saúde demorou três meses para responder à Opas sobre a importação de seringas e, quando o fez, optou pelo modelo de entrega mais demorado alegando economia de recursos. Em 16 de setembro, em despacho interno, o departamento argumentou pela continuidade das tratativas junto à Opas citando audiência pública feita com empresas nacionais do setor de vacinas ainda em fevereiro de 2020.
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