Apoie o DCM

Ministro da Saúde quer oficializar a cloroquina no rol de tratamento precoce contra a covid

Do Globo:

Jair Bolsonaro e o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga

Equilibrando entre o desejo do presidente Jair Bolsonaro de apoiar tratamento precoce com medicamentos de eficácia não comprovada no combate à Covid-19 e os estudos técnicos, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que completa hoje um mês no cargo, prepara um protocolo com orientações sobre as substâncias que estão sendo usadas pelos médicos no país.

(…) Com relação ao uso de cloroquina, invermectina e medicamentos off label, que gera controversa no meio médico, o senhor pretende implementar alguma política pública a respeito?

Sim. O que vou fazer no Ministério da Saúde é submeter à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec) a análise de todos os fármacos que se usam no tratamento da Covid-19, qualificando a evidência científica que há em relação a cada um deles. Porque aí fica claro. Só quem elabora o protocolo é a Conitec. Alías, isso já está sendo feito pela nossa equipe. E nós vamos publicar. E aí informaremos sobre a utilidade de cada um dos medicamentos no combate à Covid-19. Protocolo que vai ser feito não só sobre medicamentos mas sobre tudo, com todos os tipos de tratamentos. Vamos lançar em breve.

Estamos elaborando com nosso corpo técnico, que são os membros da Conitec, mais professores de universidades respaldadas. O objetivo é orientar a conduta. Para que médicos sigam um guia, uma recomendação. Claro que os médicos têm autonomia, mas para atuar dentro de contexto de evidencias médicas e da legislação brasileira. Esse protocolo é um guia. Uma recomendação. E quando aprovado pela Conitec, vai ser publicado no Diário Oficial e virar uma política pública.

Poderia detalhar?

O que há é o desejo do presidente da República de que os médicos tenham a autonomia de tomar as melhores decisões para seus pacientes. Essa questão da autonomia médica é algo milenar. Em relação a esse fato, sabemos que a Covid foi descoberta no final de 2019 e, àquela época, não havia tratamento específico e ainda hoje não há tratamento específico. Várias medicações foram aventadas entre elas essas que você citou (cloroquina e ivermectina). Hoje há consenso amplo de que essa medicação em pacientes com Covid grave, em grau avançado, não tem ação, embora em pacientes no estágio inicial, existem alguns estudos observacionais que mostram alguns benefícios desses dois fármacos que você citou. É uma questão técnica que médicos avaliam e, aí, tomam a decisão em relação à prescrição.

(…)

LEIA TAMBÉM: A prática que o governo quer oficializar está matando gente no país todo