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Míriam Leitão: “Já ficou evidente a confusão mental do presidente da República”

Maluquinho maluquinho (Imagem: reprodução

Em sua coluna no jornal O Globo, Míriam Leitão aborda a forma de comunicação estéril do governo Bolsonaro.

O importante nos episódios recorrentes de ataques do mentor ideológico do presidente e dos seus filhos aos ministros militares é a revelação do estilo deste governo de alimentar polêmicas desgastantes, usar o tom inadequado na comunicação e de queimar os seus próprios quadros. O presidente Jair Bolsonaro emite mensagens duplas. Avisa pelo porta-voz que as discussões devem ser encerradas, e em seguida as realimenta pelas redes sociais ou em falas ambíguas.

O debate estéril que atravessou a semana inteira, e na qual teve que se envolver até o general Villas Bôas, tem que ser entendido porque é revelador. Quando Olavo de Carvalho ataca alguém, ele desqualifica a si mesmo, porque não é um debate de ideias, mas uma coleção de palavras chulas e ofensas grosseiras. Ele não tem relevância alguma, passa a ser assunto porque o presidente o colocou em um panteão particular. Lá, Bolsonaro, seus filhos e seus seguidores mais fanáticos prestam-lhe homenagens tão frequentes quanto imerecidas. Fica pior quando essa adoração envolve símbolos nacionais e recursos públicos.

A fritura neste governo começa de forma gratuita e é mais violenta. Desta vez foi usada uma frase de entrevista antiga dada pelo ministro. O que transformou esse pequeno truque em onda forte foram os comentários que o presidente e seus filhos fizeram nas redes sociais. 

A ambiguidade do presidente é que é o problema. E as anomalias que ele estimula. Bolsonaro permite que pessoa em tudo desimportante, alheia ao debate nacional, imersa em ressentimento, imiscua-se em assuntos de um ministério estratégico como o da Educação, indique o chanceler e ofenda os militares que ele nomeou para o governo. É Jair Bolsonaro que está em questão, dado que ele é o presidente eleito para administrar o Brasil por quatro anos. 

Eu já escrevi aqui que o movimento mais arriscado dos militares brasileiros foi a simbiose com o atual governo. A ditadura foi uma exceção, mas as Forças Armadas sempre tiveram por missão unir o país. E este governo investe em conflitos. Nos episódios desta semana, em que generais foram alvo, ficou evidente a confusão mental do presidente da República e seus métodos estranhos de governar.