“Mordemos a isca”: Duvivier diz que Bolsonaro pautou voto impresso para tirar atenção das vacinas e da rachadinha

O humorista Gregorio Duviviver disse, nesta terça-feira (10), em sua coluna na Folha de S.Paulo, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pautou o debate sobre o voto impresso para tirar a atenção dos escândalos das vacinas contra Covid-19 e da rachadinha envolvendo o nome do mandatário.
“Tente não pensar num jumento. Pronto, já pensou. Nosso cérebro não consegue pensar em não pensar em algo —sem pensar. A mente humana é uma espécie de criança mimada que não sabe ouvir não”, diz Duvivier ao começar sua reflexão.
Ele cita o linguista George Lakoff, que escreveu “Não Pense num Elefante”, e é um estudioso do uso político das metáforas.
“Lakoff explica como os conservadores dominam essa técnica pra ganhar corações e mentes”, aponta o humorista.
“Faz duas semanas, perdia a discussão de lavada. Só se falava no escândalo das vacinas e da rachadinha familiar. E ele não dizia nada. Porque não tinha o que dizer. Nunca disse: “não tenho nada a ver com o escândalo das vacinas”, ou “não cometi rachadinha”. Não somente porque cometeu. Mas porque sabe que isso equivaleria a dizer que cometeu. Por semanas, trancou seus pensamentos junto com as fezes, até porque eles se confundem”, disse Duvivier.
“Como é que ele fugiu dessa sinuca? Simples: inventou um novo debate, que até então era um não debate: o voto impresso. E a gente mordeu a isca, porque não dá pra não morder. Ele escolheu defender uma aberração pra qual não existe nenhum argumento aceitável”, concluiu.
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