Moro afirma que Cunha tentou constranger e intimidar Temer
Do globo:
Em despacho desta sexta-feira em que negou o pedido de liberdade do deputado cassado Eduardo Cunha, o juiz Sérgio Moro afirmou que o ex-presidente da Câmara, mesmo preso, não abandonou o modus operandi de extorsão, ameaça e chantagem e tentou constranger o presidente Michel Temer. Segundo Moro, Cunha tentou constranger o presidente ao arrolá-lo como sua testemunha de defesa e incluir perguntas sobre o relacionamento de Temer com José Yunes, amigo e ex-assessor. Nos questionamentos, a defesa de Cunha indagou se Yunes havia recebido alguma contribuição de campanha para alguma eleição dele próprio ou do PMDB e se as contribuições, caso tenham sido recebidas, foram ou não declaradas. Temer enviou as respostas ao juízo por meio de carta.
Em delação premiada, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou que a empreiteira entregou R$ 4 milhões no escritório de José Yunes, em São Paulo.
Moro classificou a atitude de Cunha como “reprovável”.
“É a lei que determina que a prisão preventiva deve ser mantida no presente caso, mas também deve ter o julgador presente que a integridade da Justiça seria colocada em questão caso houvesse a revogação da prisão depois deste episódio reprovável de tentativa pelo acusado de intimidação da Presidência da República”, escreveu o juiz.
Moro afirmou que os quesitos endereçados ao presidente da República não podem ser atribuídos aos advogados de defesa, mas ao próprio Cunha.
“Tais quesitos, absolutamente estranhos ao objeto da ação penal, tinham, em cognição sumária, por motivo óbvio constranger o Exmo. Sr. Presidente da República e provavelmente buscavam com isso provocar alguma espécie intervenção indevida da parte dele em favor do preso”, afirmou Moro, afirmando que a integridade da Justiça seria colocada em questão caso a prisão de Cunha fosse revogada depois deste “episódio reprovável” de “tentativa pelo acusado de intimidação da Presidência da República”.
Lembrou ainda que Cunha ainda detém poder político, pois fez publicar artigo na última quinta-feira (dia 9) no jornal “Folha de S. Paulo” alegando que sua prisão seria ilegal e que ele e outros respondem a “acusações sem provas”.
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