Moro nega cumplicidade com Bolsonaro, mas não explica esquema da Lava Jato para eleger o capitão
Foto: CAROLINA ANTUNES/PR
Em entrevista à Rádio Tupi, nesta quinta-feira (9), o pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Sergio Moro, voltou a criticar seu ex-chefe e futuro adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Ao falar sobre sua saída do Ministério da Justiça, após pouco mais de um ano à frente da pasta, o ex-juiz disse que preferiu ser alvo dos ataques do mandatário e de seus apoiadores do que ser “cúmplice” do governo. Moro se esqueceu de citar, porém, que Bolsonaro foi eleito graças a ele.
Quando titularizava a 13ª Vara Federal de Curitiba, o marreco foi o responsável pela prisão do ex-presidente Lula, o que impediu o petista de disputar as eleições de 2018 e abriu espaço para a vitória do atual presidente.
“Então, você vai percebendo que aquela promessa que ele [Bolsonaro] tinha feito para você, de que eu ia ter carta-branca para combater a corrupção e fazer meu trabalho, que ele não ia proteger ninguém, era mentira. Mas fui ficando [no ministério] porque acreditei que era possível fazer alguma coisa ainda. Até que chegou em um limite, que ele tomou aquela decisão de interferir na PF, aí eu falei: ‘agora não posso ficar mais’. Agora é escolher ser alvo de ataques do grupo dele ou ser cúmplice dele. Eu prefiro ser alvo”, disse Moro na entrevista.
Ele ainda se vangloriou por não ter protegido o presidente de investigações da Polícia Federal, Receita Federal e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Moro disse ter “orgulho” disso.
Bolsonaro fez ataques a Moro
As declarações vêm após uma série de ataques de Bolsonaro contra o ex-juiz nesta semana. Em conversa com apoiadores na segunda-feira (6), ele disse que Moro “não aguenta 10 minutos de debate”.
O presidente ainda acusou Moro de ter uma ideologia de esquerda. Segundo ele, o ex-juiz tem o copiado para conquistar eleitores.
“Tem que ter caráter né? Dizer: ‘Eu não vou trabalhar porque sou de esquerda’. Para tentar copiar meu ‘Brasil acima de tudo e Deus acima de todos’, ele [Moro] botou ‘O povo acima de tudo’. Esse não aguenta 10 minutos de debates”, afirmou o mandatário da República.