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Moro é retratado como diabo no Pacotão, bloco criado por jornalistas em Brasília

Cartaz no bloco Pacotão: Moro é o diabo

Do Congresso em Foco

Mais antigo bloco de carnaval de Brasília (criado em 1978), o tradicional Pacotão saiu pelas ruas de Brasília pela segunda e última vez neste carnaval de ano eleitoral. Nascido em plena ditadura militar, o bloco, que também desfilou no domingo (11), colocou em marcha toda a sua irreverência e acidez contra a classe política pelo 40º ano consecutivo. Como já era de se esperar, o presidente Michel Temer é um dos alvos principais da turma, que preparou uma marchinha oficial intitulada “O presidente despirocado” – obviamente, o peemedebista é o protagonista da peça (veja no vídeo abaixo).

Outra figura da política que não escapou da flecha satírica do grupo foi Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer e suplente de deputado pelo PMDB do Paraná. Réu por carregar mala de dinheiro atribuído ao presidente, Rocha Loures já havia entrado para o folclore da política nacional depois de flagrado em plena corridinha de mala em punho, por uma rua de São Paulo, levando R$ 500 mil em dinheiro vivo. Para os investigadores, trata-se da primeira parcela de uma espécie de aposentadoria milionária para os peemedebistas pelos próximos anos. Da página policial para o acervo do Pacotão foi um pulo.

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Além das menções a Temer e Rocha Loures, teve defensor de Lula que comparou o juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação do petista, ao diabo; teve faixa acusando o “golpe sujo” do impeachment; teve recado/cobrança para o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg – não bastassem as notícias negativas para a sua gestão, que enfrenta desabamentos e ameaças de queda de estruturas urbanas e uma situação de caos na saúde pública.

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História

O Bloco do Pacotão foi criado em Brasília na fase final da ditadura militar, em 1978, por um grupo de jornalistas descontentes com os rumos do país. Por meio da sátira política, o bloco foi concebido com a função de uma válvula de escape que, por meio do protesto inteligente, serviu como instrumento de resistência e protesto contra o Estado de exceção e o regime de arbítrio.

Na escolha do nome, nada mais óbvio que um motivo político: trata-se de uma crítica ao famigerado pacote de medidas que, formulado em 1977 pelo então presidente da República, general Ernesto Geisel, alterou regras eleitorais. O conjunto de mudanças ficou conhecido como Pacote de Abril.