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Moro já pensa em eleição e diz que Bolsonaro é “pessoa muito digna”

Sérgio Moro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do El País:

Ex-juiz da Lava Jato, o ministro da Justiça do Governo, Sergio Moro, que declarou que o ex-presidente Lula pertence ao seu “passado”, afirma, ao mesmo tempo, que o presidente Jair Bolsonaro é “uma pessoa muito digna” —o mesmo que que avaliam, segundo ele, “todos que o conhecem de perto”. Já Bolsonaro, que começa a se apaixonar pelo ex-juiz da Lava Jato, diz que na política Moro “está indo bem pra caramba”. Eles até parecem querer disputar juntos a reeleição em 2022.

O encontro de Moro com Bolsonaro, tão criticado, não tinha começado com o pé direito. Chegou-se inclusive a pensar que Moro sairia do Governo. Hoje tudo parece ter mudado, e o ministro da Justiça não descarta concorrer como vice do mandatário, embora destaque, de forma diplomática, que seria melhor que continuasse como tal o general Hamilton Mourão, uma pessoa que disse “respeitar bastante”. Mas acrescentou que essa possibilidade de ser o próximo candidato a vice nas urnas deverá ser construída “lá na frente”, e que cabe ao presidente escolher. Será que já está tudo decidido?

Bolsonaro também está aprendendo a nadar nas águas da política e sabe que hoje as pesquisas dão mais votos a Moro que a ele mesmo. Desperdiçará essa chance? Votos são votos. “E quantos vices, além do mais, acabaram sendo presidentes do Brasil?”, poderá estar pensando Moro.

Restam poucas dúvidas, portanto, de que o ex-juiz se prepara para as urnas. Quanto mais ele nega com as palavras, mais perto aparece, em seus gestos e simbolismos, sua aproximação da política, algo que assombra os próprios profissionais dessa arte. Até o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que havia iniciado mal sua relação com Moro, lembrando que ele era apenas um “empregado do presidente”, hoje comenta, surpreso, que Moro “está aprendendo muito rápido a ser político”. Foi significativo o sorriso do ministro quando, dias atrás, numa reunião no Senado, ele foi apresentado de forma equivocada como “senador Moro”. O ministro comentou, lisonjeado: “É que eu tenho vindo tantas vezes aqui que estou virando senador.”

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