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Morre Raphael Martinelli, sindicalista torturado pela Ditadura e defensor da memória da Democracia

Raphael Martinelli foi um importante líder sindical e militante contra a ditadura militar | Foto: reprodução

DO ESTADÃO

Morreu neste domingo, 16, aos 95 anos, o líder sindical e militante pela preservação da memória da ditadura militar Raphael Martinelli, um dos fundadores do Núcleo de Preservação da Memória Política. Ele tinha câncer.

Em 1964, ano do golpe militar, entrou na lista dos primeiros 100 políticos, sindicalistas e militares cassados pelo Ato Institucional 1 (AI-1). Seu nome ocupava a trigésima sexta posição na lista. Filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), pelo qual foi candidato a deputado federal em 1958, militava no clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Em 1967, ele deixou o PCB para fundar, com Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira, a Aliança Libertadora Nacional (ALN), grupo que combateu a ditadura por meio da luta armada. Foi preso pelo Destacamento de Operações de Informações (DOI), do II Exército, órgão encarregado da repressão política. Ele ficou preso por três anos e sofreu tortura.

Já nos anos 1980, com o processo de redemocratização, Martinelli participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Nos anos seguintes, passou a atuar pela preservação da memória sobre os fatos ocorridos durante a ditadura. Presidiu o Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo, entidade que ajudou a fundar em 2001. Já em 2009, também participou da fundação do Núcleo de Preservação da Memória Política.

Seu trabalho ajudou na criação do Memorial da Resistência, museu que preserva a história daquele período do País, que está instalado na antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), de São Paulo, na Luz. Deixou três filhos e netos.