Mourão defende Bolsonaro: “qualquer coisa é impeachment, né? Deixa o cara governar, pô!”

Alan Santos/PR
Tânia Monteiro e Vera Rosa entrevistaram o vice-presidente general Hamilton Mourão no Estado de S.Paulo.
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Há mais de 50 pedidos de impeachment contra Bolsonaro na Câmara. O sr. não teme que, diante dessa crise, ele sofra o mesmo processo que Donald Trump enfrenta nos EUA?
Não vejo hoje que haja condição de prosperar qualquer pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro, o mais atacado, ao longo dos últimos anos. Desde o dia anterior à posse o tiroteio já era grande em cima dele. Quantos pedidos de impeachment o Sarney, o Fernando Henrique, o Lula tiveram? Só a Dilma, coitada, é que não conseguiu sobreviver. E o Collor, obviamente. Aqui no Brasil qualquer coisa é impeachment, né? Deixa o cara governar, pô! Os pesos e contrapesos do nosso sistema democrático são mais do que suficientes para barrar qualquer tentativa de um governante de sair do leito da Constituição.
A aproximação cada vez maior do Planalto com o Centrão não contradiz o discurso de campanha, que era de combate à velha política e ao toma lá, dá cá?
Não vejo dessa forma. No começo, o governo buscou o relacionamento com o Congresso na base das bancadas temáticas. Mas as frentes parlamentares votam junto apenas para assuntos específicos. Aí chegou-se à conclusão que era necessário reunir um grupo de partidos que apoiassem as pautas principais do governo. E qualquer reunião de grupos de partido, no Congresso que temos hoje, passa pelo Centrão. Não tem como fugir do Centrão.
O presidente declarou apoio a Arthur Lira, líder do Centrão, para presidir a Câmara. Isso não é prejudicial, já que, se Lira perder, a derrota será do governo e quem ganhar poderá virar adversário no Congresso?
O presidente sempre diz que melhor que se omitir é tomar uma decisão. Ele tomou a decisão de apoiar o deputado Arthur Lira. Por outro lado, não vejo que o candidato Baleia Rossi seria prejudicial ao governo. É um parlamentar equilibrado, de centro, que tem visão correta dos problemas nacionais.
No Senado as relações com o governo não estão tão tensas quanto na Câmara, não é?
No Senado temos Rodrigo Pacheco versus Simone (Tebet). Os dois são de centro. É uma eleição muito tranquila. A Câmara é mais complicada pelo elevado número de parlamentares. Há grande fragmentação.
Mas também há o embate entre Bolsonaro e Maia…
O deputado Rodrigo Maia ataca muito frontalmente o presidente, inclusive com palavras fora do tom, chamando-o de covarde, mentiroso.
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